Sepultado em Brasília corpo do cineasta que fazia filmes com pouco dinheiro

30/07/2003 - 19h03

Brasília, 30/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O corpo do bombeiro e cineasta Afonso Brazza, 48 anos, foi enterrado nesta quarta-feira no cemitério do Gama, no Distrito Federal. Junto com Zé do Caixão, era considerado o maior nome do cinema trash do Brasil.

Ele estava internado no Hospital de Base de Brasília desde o último sábado, devido ao um câncer no esôfago, que fez questão de esconder da família. "Ele escondeu a doença, não queria que sentíssemos pena dele. Sua morte pegou todo mundo de surpresa", contou Cleuza Moreira, cunhada de Brazza.

A maior paixão de Brazza era o cinema, e por isso não mediu esforços para produzir os seus filmes. Sempre com o orçamento apertado fez oito filmes que contavam histórias de tramas policiais, com cenas de tiroteios inexplicáveis e mortes postiças. Seu filme de maior sucesso foi "Tortura Selvagem", lançado em agosto de 2001. "Ele chegou a vender bala de coco para produzir seus filmes", disse Cleuza.

O último filme, "Fuga sem destino", tem um elenco de 600 pessoas, entre elas o cantor Frank Aguiar, o ex-deputado Ricardo Noronha e a filha do Governador do Distrito Federal, Liliane Roriz. É uma trama policial - a história de um condenado, representado por Noronha, que foge da prisão e volta ao crime.

"O Afonso era o símbolo da resistência do cinema sem recursos, lutou contra todas as adversidades, contra todas as dificuldades rompeu todas elas, mas perdeu a luta contra o câncer", disse Noronha.

Para o ator José Augusto Alves, o Kojak, Brazza foi um mestre. "Ele era para mim um mestre em todos os sentidos. Aprendi como me expressar, mas sem perder a espontaneidade".

Homenagem

Será instituído pela Câmara Legislativa do Distrito Federal o prêmio Afonso Brazza para a melhor produção da cidade. Segundo o coordenador do pólo de cinema de Brasília, Fernando Adolfo, esta premiação irá substituir o prêmio Câmara Legislativa para produção cinematográfica, no Festival de Cinema de Brasília. "Nada mais justo que homenagear o melhor cineasta da cidade", afirmou.