Brasília, 30/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, afirmou hoje que o governo "não está fazendo gincana para conseguir alimentos para o programa Fome Zero". Ao participar da cerimônia de entrega de certificado de parceria à Agência Estado e o Banco do Nordeste (BNB), o ministro explicou que o governo está fazendo ações para combater a fome, porque sozinho não teria condições de resolver esse problema. Ele destacou que é importante a parceria da iniciativa privada e da sociedade para a geração de emprego e renda e não só para a distribuição de alimentos.
O Banco do Nordeste e a Agência Estado estão colaborando com o Programa Fome Zero na área de comunicação. A Agência Estado criou a Agência de Notícias Fome Zero para divulgar as informações sobre o programa. O BNB patrocina o projeto "Nova Geografia da Fome, coordenado pelo jornalista Xico Sá e pelo fotógrafo U. Dettmar. Sá e Dettmar estão produzindo matérias e fotografias diretamente dos municípios atendidos pelo Fome Zero.
O ministro José Graziano disse que o governo está criando uma rede de solidariedade no país. "Esses parceiros do Fome Zero estão se propondo nos próximos quatro anos a fazerem, juntos com o governo, um conjunto de ações de apoio não ao programa Fome Zero, mas de apoio aos excluídos", frisou o ministro. Ele ressaltou que "são ações que vão desde a coleta de alimentos, distribuição, até a geração de emprego e renda". Segundo Graziano, "cada um contribui com aquilo que tem de melhor e isso revela esse sentimento de solidariedade que é muito importante para uma nação".
Até agora 600 empresas apresentaram propostas para adesão ao programa Fome Zero. Dessas, 400 estão na fase de análise final para recebimento do certificado de parceria.
Para o diretor do Grupo Estado em Brasília, João Bosco Rabello, a parceria honra o Grupo, que tem a certeza de que está oferecendo uma boa contribuição ao programa Fome Zero. A Agência Estado atende 300 jornais e conta com 12 mil terminais no mercado financeiro. Segundo Bosco, são 23 milhões de usuários por dia que ficarão informados sobre as notícias do Fome Zero.
O presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, disse que a adesão da instituição ao Programa Fome Zero é mais do que uma parceria, "porque desde o primeiro momento houve um envolvimento muito grande da direção e de todos os funcionários da instituição ao programa". Smith embrou que o BNB tem uma estrutura privilegiada de cobertura no nordeste, com 160 agências na região e 510 agências de desenvolvimento. Atende a 1.983 municípios da região nordeste, mais o norte de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo.
O Banco está apoiando a formação dos comitês gestores em mais de 1.100 municípios no Nordeste e na escolha das 40 microrregiões aonde vai se trabalhar com a concepção de desenvolvimento local e estruturação territorial, montando um sistema de monitoramento e avaliação do Programa no nordeste, que se acopla ao sistema de monitoramento e avaliação de políticas públicas que o BNB está instalando.
O ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, disse que a pobreza está associada a uma lacuna de infra-estrutura que demanda investimentos. "Nós estamos dando o primeiro passo, que é o atendimento emergencial, mas é importante notar que mesmo nesta fase, nós do governo e os parceiros, estamos dando uma outra cara para as cidades". O ministro destacou que as ações do Programa Fome Zero têm dado uma movimentação ao comércio local. "Essa rede de serviços gera emprego, oportunidades novas que antes não existiam", lembrou Graziano. O programa está transformando Guaribas e outras cidades do semi-árido, disse o ministro.
RETRATOS DA FOME
A série de reportagens e fotografias do jornalista Xico Sá e do fotógrafo U. Dettmar sobre a "Nova Geografia da Fome" emociona até mesmo os dois profissionais responsáveis pelo o projeto, cujo objetivo é relevar a face da miséria e da pobreza e as iniciativas – públicas e privadas – que o país começou a desenvolver para combatê-las a partir do Programa Fome Zero.
Para o jornalista Xico Sá, o projeto é um trabalho interessante sobre qualquer ponto de vista, tanto jornalístico como pessoal, especialmente pelo fato de nesse momento o país buscar soluções para o problema mais antigo da sua história, que é a fome. "Estamos engajados e procurando mostrar para a sociedade como é que estão se dando as ações do Fome Zero nessas regiões de pobreza. Acho que normalmente a imprensa cobre isso muito mal. Costumo dizer, que cobre até por telefone. Não vai nos lugares e passa a visão até cínica e hipócrita do que realmente está acontecendo. Então, acho que esse novo trabalho procura, dentro das nossas limitações, trazer esse tipo coisa à tona, além desses esclarecimentos".
O fotógrafo U. Dettmar selecionou inicialmente 120 fotografias sobre a situação de pobreza e miséria no nordeste e do norte de Minas Gerais, mas estão sendo expostas apenas 32 fotos. Segundo ele, a exposição será levada para o Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados e para o Senado. As datas ainda não foram definidas.
O fotógrafo e o repórter Xico Sá visitaram até agora, num período de três meses, seis estados: Piauí, Pernambuco, Ceará, Bahia e Paraíba, e o norte de Minas Gerais. Segundo Xico Sá, a meta é percorrer todo o Brasil. "A intenção é visitar esses municípios em várias etapas. Alguns deles, inclusive, estamos visitando antes de chegar qualquer ação mais direta do programa Fome Zero. Vamos voltar nesses lugares num prazo de seis meses e acompanhar até o final dessa etapa de quatro anos de governo. A Agência Brasil tem divulgado para vários jornais do Brasil e pelo menos 15 têm publicado todos os domingos uma série chamada "A Nova Geografia da Fome". Agora, com a entrada da Agência Estado, essa coisa deve ser ampliada para outros veículos. Ao final do trabalho vamos reunir todo o material em um livro", disse Xico Sá.
O fotógrafo U. Dettmar disse que a emoção é muito grande porque é um trabalho de reflexão da vida. "A situação de miséria dessas pessoas que vivem nas regiões pobres do país nos traz a mensagem de que as coisas não são tão ruins quanto parece. Para essas pessoas sim, porque elas não têm perspectivas de trabalho, de onde morar, de comer. Mesmo assim são sorridentes e solidários. Têm sempre um café para oferecer. Essa atuação desse projeto só veio fazer com que essas pessoas se sentissem melhor. A emoção é muito grande, nunca fiz um trabalho igual. É como se fosse o último da minha vida".
Lima Rodrigues