Brasília, 30/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Representantes de 14 Confederações de trabalhadores criaram hoje uma frente sindical para fazer oposição ao Fórum Nacional do Trabalho, lançado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de discutir a modernização das leis trabalhistas. Integrantes da ala mais conservadora do movimento sindical, eles querem, por exemplo, manter a contribuição sindical obrigatória e torpedear o pluralismo sindical e a flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A frente foi instalada em reunião, nesta tarde, que contou também com a presença de cerca de 800 representantes de sindicatos e federações trabalhistas dos Estados, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria-CNTI, em Brasília. Ao final do encontro, os sindicalistas aprovaram um manifesto contrário a várias teses defendidas pelo governo na proposta de reforma sindical e trabalhista.
Entre as idéias defendidas pelo governo, o manifesto rechaça a liberdade de organização sindical, também chamada pluralismo e fecha questão em defesa da manutenção da unicidade sindical, que mantém o modelo de sindicato único por categoria em cada Estado. A frente quer também a manutenção da contribuição obrigatória dos trabalhadores. O presidente da Confederação Nacional das profissões Liberais, Luis Eduardo Gautério Gallo, coordenador da frente, alega que a unicidade é o maior fator de agregação do sindicalismo brasileiro.
Gallo previu que, se tornar a contribuição espontânea, a proposta do governo eliminará os recursos de custeio de todo o sistema confederativo. "Queremos que as propostas recolhidas nessas discussões se transformem em projeto de lei alternativo àquele que deve surgir do Fórum Nacional do Trabalho", disse.
O Fórum Sindical dos trabalhadores, criado também hoje, é formado por representantes de 13 das 14 confederações presentes ao encontro. Elas estimam representar cerca de 25 milhões de empregados dos diversos ramos de atividade, inclusive profissionais liberais. Entre elas estão, além da CNTI, as Confederações Naciconal dos Trabalhadores em Transportes terrestres (CNTTT), dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) e dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Crédito (Contec).
O movimento defende ainda a manutenção do sistema confederativo, os sindicatos por categoria profissional, o poder normativo da Justiça do Trabalho e a Organização por Local de Trabalho.