Teresina, 28/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A luta da deputada federal Francisca Trindade (PT-PI) pela melhoria de vida dos moradores da favela onde nasceu – e que se tornou depois o bairro de Água Linda – fez dela um símbolo político no estado do Piauí. Desde as 19h, quando chegou o corpo da parlamentar, que morreu na madrugada de ontem, mais de 50 mil pessoas compareceram ao Ginásio Poliesportivo Dirceu Arcoverde, o Verdão, onde se realiza do velório.
A deputada sofreu um aneurisma (acidente vascular cerebral hemorrágico) na sexta-feira (25), quando fazia um discurso em Teresina, e não resistiu às lesões depois de ter sido levada para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde morreu aos 37 anos. Na última eleição, Francisca Trindade foi a mais votada da história do Piauí, com 165.190 votos, depois de ter sido vereadora por duas vezes, em 1992 e 1996, e também deputada estadual, em 1998.
Muito emocionado, o presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores, José Genoino, compareceu ao velório ao lado do governador do Piauí, Wellington Dias, e do ministro José Fritsch, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca. Genoino disse que a morte da deputada Francisca Trindade foi uma grande perda para o Brasil, para o Piauí, para o Congresso Nacional e para o Partido dos Trabalhadores. "Essa parlamentar emergente vinha num crescimento muito grande, numa relação muito boa, muito alegre, muito solidária, e eu só posso dizer que o que eu sinto é um sentimento de dor muito forte", afirmou Genoino.
Visivelmente abatido, o ministro José Fritsch lembrou que estava na platéia quando a deputada discursava e passou mal. "Acho que vai demorar muito tempo para que o vazio deixado com a morte dela seja ocupado como foi, por gente batalhadora", disse Fritsch, acrescentando que ela foi uma mulher que "lutava junto de seu povo".
Durante todo o velório, na madrugada, era grande o número de pessoas, principalmente da periferia da cidade, que lamentavam a morte da deputada. Para Sueli Selam, 25 anos, vendedora de cosméticos, Francisca Trindade, "além de mulher, negra, honesta, batalhadora, brigava pelos que mais necessitavam". Chorando, a vendedora disse ainda que "não há ninguém, no Piauí, que não saiba da luta que ela travou para transformar em bairro a favela onde vivia – e conseguiu".
As últimas homenagens à deputada Francisca Trindade incluem, às 11h, missa celebrada pelo bispo Dom Celso José Pinto, no Ginásio Poliesportivo Dirceu Arcoverde, e às 14h a saída do cortejo que passará pelo bairro onde ela morava. O enterro está previsto para as 17h, no cemitério Santo Antônio, do bairro Buenos Aires.