Demissão de funcionários brasileiros está no plano da empresa, diz Volks da Alemanha

25/07/2003 - 19h20

São Paulo, 25/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - "Aqui no Brasil há leis e contratos que devem ser cumpridos, assim como a Volks cumpre contratos e leis na Alemanha", declarou hoje, em nota distribuída à imprensa, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, José Lopez Feijoó, rebatendo declaração do porta-voz da Volkswagen na Alemanha, Dirk Grosse-Leege, que foi interpretada pelas agências internacionais de notícias como anúncio de iminentes demissões no Brasil.

Na última segunda-feira, 21 de julho, a direção da Volkswagen no Brasil anunciou que 3933 funcionários considerados excedentes seriam transferidos para uma empresa do grupo, a Autovisão, que teria a missão de gerar novos negócios e empregos. A transferência dos funcionários da Volks para a Autovisão seria voluntária. Na opinião do sindicato, no entanto, nenhum funcionário da montadora estaria interessado em ser transferido.

Ontem, numa reunião em São Bernardo do Campo (SP), representantes da Volkswagen e do sindicato reafirmaram o acordo assinado em 2001, que assegura estabilidade de emprego para os funcionários da fábrica da montadora em São Bernardo até novembro de 2006, e para os trabalhadores da unidade de Taubaté até fevereiro de 2004. Hoje à tarde, no entanto, Dirk Grosse-Leege afirmou em Frankfurt, na Alemanha, que "nada mudou em nossos planos" no Brasil.

"O que foi declarado na Alemanha não me interessa, e tenho certeza que não interessa ao povo brasileiro", reagiu Feijoó.

Hoje, a Volkswagen, maior montadora da Europa, anunciou que seu lucro operacional caiu pela metade no segundo trimestre de 2003. A empresa anunciou que pretende alcançar no Brasil o ponto de equilíbrio entre receita e despesa no ano que vem.

Segundo a agência Reuters, o chefe de finanças da montadora, Hans-Dieter Poetsch, disse que "o mercado em 2003, no que se refere ao Brasil, é o pior mercado que o setor de automóveis já viu nos últimos 10 anos. Para 2004, pretendemos pelo menos equilibrar ganhos e perdas no Brasil".

Giancarlo Summa e Mariane Rodovalho