Brasília, 25/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A política de fomento às atividades econômicas no país foi um dos principais fatores que incentivaram o desmatamento na Amazônia. A afirmação é do presidente do Conselho Consultivo Internacional (IAG da sigla em inglês), Roberto Esmeraldi. O órgão assessora a execução do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7).
Para Esmeraldi, se o país adota uma estrutura favorável, certamente há o avanço de atividades que não consideram a sustentabilidade, como a plantação de grãos em larga escala. De acordo com o presidente do IAG, o aumento do índice de desmatamento é resultado de políticas, desenvolvidas nos últimos anos, caracterizadas pelo incentivo à plantação, principalmente de soja, como a expansão da reforma agrária em áreas de fronteira "dando terra e não dando instrumentos e tecnologias", disse.
Na opinião de Esmeraldi, a maneira para reverter ou amenizar o desmatamento é dar estímulo a atividades que deixem as florestas "em pé". Ele afirmou que uma saída seria a adoção de instrumentos econômicos que favoreçam o manejo sustentável. "A extração de palmito, óleo ou madeira feita de forma sustentável pode engajar muitas pessoas em atividades que preservem a floresta", explicou. O desmatamento, afirmou, não é um problema só de fiscalização.
O Grupo Consultivo do PPG7, formado por especialistas nas áreas de ciências humanas, sociais e biológicas, visita o país até 5ª feira (31). O objetivo é discutir os investimentos em infra-estrutura na Amazônia. De acordo com Esmeraldi, o trabalho será dedicado ao Plano Plurianual (PPA). O Grupo avaliará os programas do PPA para o meio ambiente considerando a sustentabilidade na região. Serão visitadas quatro principais obras: as hidrelétricas de Belo Monte e Rio Madeira, a pavimentação da BR 163 e o gasoduto Urucu/Porto Velho. O grupo se reúne com os governadores da Amazônia, com as comunidades locais, agentes econômicos e órgãos parceiros do PPG7, como Eletronorte, Furnas, BNDES e Petrobras.
No relatório a ser apresentado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) o grupo faz uma análise dos programas sugeridos no PPA considerando os riscos de implementação de cada um deles. Na 6ª feira (1), o presidente do AIG retorna a Brasília para reunião no MMA.