Setor produtivo e sindicatos desaprovam decisão do Copom

23/07/2003 - 19h41

São Paulo, 23/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O anúncio da redução da taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, de 26 % para 24,5 %, ao ano sem viés, não foi recebida com otimismo pelo setor produtivo.

O presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, disse em nota que a medida não vai alterar o cenário atual da economia no país. "A decisão do Banco Central " veio tardiamente e baixa a capacidade de reação da economia a estímulos de política monetária. A taxa de desemprego está em patamar altíssimo e cresce. Por sua vez, os empresários se vêem forçados a puxar o freio de mão para desovar estoques indesejados, enquanto a demanda desaponta a cada mês", diz a Fiesp, que defende a redução das alíquotas de recolhimento compulsório, além da redução dos juros.

A Força Sindical também defende mais crédito para o consumidor - "além de juros mais baixos, a economia precisa do descontingenciamento urgente das verbas públicas e da diminuição substancial do depósito compulsório dos bancos". Segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força, a redução para 24,5 % " é sensata, na medida que a recessão provocada pelos juros altos está asfixiando a economia. Mas ainda é insuficiente".

Para Luiz Marinho, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a redução ficou abaixo das expectativas. Disse que uma redução de 2,5 pontos percentuais seria melhor para o início de retomada do crescimento."Eles (Copom) são mais conservadores do que eu", disse Marinho.

Para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo(Fecomércio/SP), é necessário manter essa tendência de redução gradual da Selic. Entretanto, mesmo que ocorra uma queda de oito pontos percentuais, até dezembro, um crescimento do setor, acredita, só em 2004.

O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV),Francisco Vignoli, considerou positiva a decisão do Copom. Segundo ele, a decisão mostra que o governo está agindo com prudência e que tem as rédeas da condução da política econômica.