Rio, 23/7/2003 (Agência Brasil - ABr) – A redução de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros, definida hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi frustrante, na opinião do economista José César Castanhar, professor de Finanças da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape), da Fundação Getúlio Vargas. Segundo ele, o BC precisa ser mais arrojado e não ficar praticando um "conservadorismo que faria inveja ao presidente do BC alemão".
Para Castanhar, a queda da Selic de 26% ao ano para 24,5% é positiva, comparada ao que havia antes, porque reduz os encargos do governo. Cada ponto percentual cortado nos juros significa uma economia anual para o governo de R$ 4 bilhões, tendo em vista a dívida de R$ 400 bilhões, explicou. O professor lembra que a medida tem também um efeito direto, embora em escala reduzida, na perspectiva de redução dos juros do crédito ao consumidor e na possibilidade de retomada de projetos de investimentos pelo empresariado.
Por outro lado, ele considerou "estrategicamente incompreensível" o índice, porque havia espaço para reduzir muito mais os juros. Castanhar lembrou que, em 1999, com Armínio Fraga presidindo o Banco Central, os juros caíram, em cinco meses, de 43% para 19,5% e, nos três primeiros meses, a taxa passou de 43% para 22%, "porque o raciocínio na época era elementar no processo decisório de administração: quando o risco inflacionário é contornado ou superado, está na hora de reduzir a taxa de juros".
O economista lembrou também que a queda da taxa Selic em 1999 trouxe inúmeros benefícios, entre os quais a recuperação do crescimento econômico, no ano seguinte, e um índice de inflação abaixo de 6%, estimulando o crescimento da economia. Em 2000, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 4,5%, maior índice registrado desde 1996. Para Castanhar, a estratégia adotada pelo Copom dá sinal de que a retomada do crescimento é uma prioridade remota, pelo menos do ponto de vista do BC.