Brasília, 23/07/2003 (Agência Brasil-Abr) - O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), decidiu hoje, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros da economia (Selic) de 26% para 24,5% ao ano, sem viés. Dessa forma, ela só poderá ser alterada na próxima reunião, marcada para agosto.
Uma outra redução tão alta só ocorreu em junho de 1999, quando a taxa caiu de 23,5% para 22% ao ano. Agora, a Selic está em nível semelhante à trajetória dos juros básicos no início do ano, quando o governo atual assumiu - em janeiro estava em 25% ao ano.
A redução, de 1,5 ponto percentual, é a segunda feita no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira redução na Selic, de 0,5 ponto percentual, foi feita no mês passado. Até então, pressionado pela ameaça de inflação, já que depende do cumprimento das metas para alcançar superávit primário, o comitê só havia elevado a Selic.
A inflação, principal inimiga da queda dos juros, mais uma vez norteou a decisão dos membros do comitê, que é formado pelo presidente e sete diretores do BC. De acordo com nota à imprensa, o Copom avalia que as projeções apontam para indicadores inflacionários já entrando em convergência para as trajetórias das metas do governo. Para este ano, a meta de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 8,5% ao ano, e para 2004, de 5,5%, com tolerância de 2,5 pontos para mais ou para menos.
A meta de inflação para este ano consta no acordo fechado pelo governo brasileiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Na próxima quinta-feira, o Comitê divulga a ata desta reunião que se encerrou hoje e o documento revelará os detalhes da decisão do Copom.
A queda de 1,5 ponto percentual na Selic, em tese, significa que bancos e financeiras deverão reduzir os juros que cobram para emprestar dinheiro. Isso deverá ocorrer porque a Selic é utilizada pelos bancos quando as instituições necessitam de dinheiro emprestado. Taxas menores vão facilitar o acesso ao crediário. O consumidor confiará mais parcelar as compras, e com mais consumo, as indústrias terão de investir mais.Isso levará a mais contratações e menos desemprego.
Em janeiro, o governo Lula, pressionado pela ameaça de alta dos preços, decidiu elevar a meta da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, levando os juros básicos de 25% para 25,5% ao ano. Já no mês seguinte, a taxa subiu novamente, para 26,5%, e permaneceu nesse patamar até junho, quando o comitê avaliou que a inflação mostrava sinais de arrefecimento.