Rio, 22/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Laboratório de Toxicologia do Centro de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu nesta terça-feira cerca de 300 amostras de sangue e urina de trabalhadores do estaleiro Brasfels (antigo Verolme), de Angra dos Reis. Um aumento do número de casos de pneumonia entre os trabalhadores e a posterior morte de três pessoas alertou as autoridades. Por solicitação da Vigilância Sanitária, pesquisadores do Cesteh, junto com representantes do órgão e do Ministério do Trabalho, visitaram as instalações da empresa. A UFRJ também está analisando amostras de sangue.
Os testes deverão ficar prontos em 20 dias. A principal suspeita recai sobre uma tinta especial para ambientes úmidos, de fabricação portuguesa, que não utiliza solvente em sua composição e que vem sendo usada há um ano e meio. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, 57 funcionários contraíram a doença desde março.
O diretor do Cesteh, Hermano Albuquerque, afirmou que levando em consideração o quadro clínico e o histórico respiratório dos pacientes observados, a suspeita é de uma microepidemia de pneumonia química, com evolução para bacteriana. "Os pacientes começam sentido irritação nos olhos e garganta, o que diferencia do padrão das microepidemias comuns, de infecção por legionelas e microplasma (agentes biológicos)", explicou.
Outra pista para o descarte da microepidemia como as que ocorrem normalmente no inverno é a faixa etária dos atingidos, entre 40 e 60 anos. As epidemias corriqueiras atingem crianças abaixo dos 5 anos e adultos com mais de 60. O Cesteh estuda a saúde dos trabalhadores do estaleiro desde 1992, por causa dos casos de silicose entre operadores de jatos de areia que desenferrujam cascos de navios.