Brasil cancela parcerias comerciais e acordos de cooperação com São Tomé e Príncipe

18/07/2003 - 17h37

Brasília, 18/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo brasileiro passará a participar mais ativamente das negociações feitas pelas missões internacionais contra o golpe militar em São Tomé e Príncipe. A informação é da encarregada de negócios do Brasil em São Tomé, Eliana Puglia.

Segundo ela, as conversas sobre novas parcerias comerciais com o país foram suspensas por causa do golpe. O principal acordo que já estava em negociação é o que prevê a colaboração brasileira para gestão de um acordo firmado com a Nigéria e o Gabão, que permite a esses países explorar petróleo em suas plataformas marítimas.

Brasil e São Tomé já tinham acordos de cooperação técnica firmados na área educacional, para a implantação do programa Bolsa Escola e de cursos de alfabetização. Os dois governos também estavam negociando parcerias no setor agrícola. "No momento, está tudo suspenso até a evolução do quadro político local. Estamos esperando para saber com quem poderemos dialogar no futuro porque são negociações que levam tempo", explicou Eliana, em entrevista à Rádio França Brasil.

São Tomé e Príncipe, uma ex-colônia portuguesa, é um dos países mais pobres do mundo. Com 160 mil habitantes, o país tem uma renda per capita anual de 280 dólares. A ilha era governada por Fradique Mendes, eleito em 2001, até esta última quarta-feira, quando a Junta Militar de Salvação Nacional, liderada pelo major Fernando Pereira Cobó, tomou o poder.

Foi a descoberta de campos de petróleo que despertou o interesse internacional para o país. São Tomé e Príncipe, localizado no Golfo da Guiné, tem recebido uma quantidade de recursos maior do que em qualquer outra época de sua história. Nos últimos meses, o País vinha sofrendo uma série de problemas de segurança gerados principalmente por facções nacionalistas.

O governo brasileiro, que já manifestou sua posição contrária aos últimos acontecimentos políticos, instalou em maio deste ano a embaixada brasileira no país.

Puglia disse que a embaixada continua operando normalmente e tem dado assistência aos cerca de 20 brasileiros que moram no país e aos que estão de passagem. "A situação em São Tomé é de tranqüilidade aparente. É claro, não há governo e os ministérios não estão funcionando, mas os militares até se retiraram um pouco das ruas", afirmou.

"Não houve nenhuma violência maior nem contra a população nem contra estrangeiros. Aqueles brasileiros que estão aqui de passagem, ou a turismo ou a trabalho, também estão em boas condições. Alguns inclusive aqui na chancelaria do Brasil, reunidos sob a guarda da nossa bandeira", contou Eliana.