Agricultura brasileira precisa de logística para ser mais competitiva

18/07/2003 - 16h52

Recife, 18/7/2003 (Agência Brasil – ABr) – Biotecnologia é a palavra-chave para o aumento que vem sendo registrado na produtividade e na qualidade da agricultura brasileira. Com tecnologia, o país está conseguindo melhorar e introduzir novas variedades de culturas e controlar naturalmente as pragas e doenças no campo. Logística é a palavra-chave para a incapacidade do país de escoar corretamente a produtividade e a qualidade da agricultura brasileira. Sem esse instrumento, o país está desperdiçando uma grande parte da sua produção de alimentos.

Os dois pontos completamente antagônicos foram debatidos, hoje, na conferência "Novas técnicas para o aumento da competitividade da agricultura brasileira", coordenada pelo professor Aldo Malavasi, no último dia da 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

"O combate à fome no Brasil não é um problema de produção, é um problema de logística. Existe oferta de alimentos, mas é preciso encontrar os melhores caminhos para que eles cheguem nos locais mais necessitados", afirmou Malavasi, ressaltando que a logística é um instrumento fundamental para o sucesso do programa Fome Zero. Segundo o professor da USP, a falta de logística e problemas no acondicionamento dos alimentos provocam perdas de até 70% na produção frutífera nacional. "Apenas 30% das frutas produzidas no país chegam ao consumidor final", observou.

Diante da realidade de desperdício, Malavasi destacou a importância de universidades e centros de pesquisa no desenvolvimento de novo produtos, processos e sistemas de pós-colheita. "Sem pesquisa básica não vamos a lugar nenhum e continuaremos deixando grande parte de nossa produção pelo caminho", disse.

A pesquisadora Marisa Barbosa, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), endossou os argumentos do colega e utilizou a soja brasileira como exemplo da qualidade e produtividade geradas pela biotecnologia. Ela informou que este ano, pela primeira vez, o Brasil assumirá a posição de primeiro exportador mundial de soja, com uma receita estimada de US$ 8 bilhões, superando os Estados Unidos, com US$ 7,5 bilhões.

Ela afirmou que os pesquisadores brasileiros estão cumprindo sua missão de criar e oferecer novas variedades e processos de produção, e que cabe à sociedade decidir que tipo de tecnologia quer usar. Marisa Barbosa cobrou novos investimentos e recursos para o setor e ressaltou que o Brasil precisa definir se deseja ser um produtor ou um mero "montador" de biotecnologia.