Desembargador estabelece relação entre crime organizado e exclusão social

16/07/2003 - 18h58

Recife, 16/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Uma reflexão sobre o crime organizado e a exclusão social foi a tônica da conferência do desembargador de São Paulo, Adauto Alonso Suannes, um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). Ele disse hoje (16), na Reunião da SBPC, que a violência é resultado de uma agressividade mal administrada, que passou dos limites éticos.

"O crime organizado só existe porque a sociedade está desorganizada. E não vai ser aumentando as penas ou criando leis mais severas que o problema será resolvido", afirmou. Ele disse que regime diferenciado de detenção também não resolve o problema do crime. Para Suannes, por trás do crime organizado estão políticos, juízes e magistrados dando apoio à sua estrutura e funcionamento. Além disso, há funcionários de presídios que facilitam a fuga dos indivíduos da cadeia e a entrada de armas e celulares nas celas. Suannes defende a punição de funcionários corruptos e que o Estado seja mais organizado e fiscalizador dessas atividades. "Com isso, não será necessário uma punição severa. Mas deve-se pensar melhor no sistema de penas e em alternativas para aplicá-las", sugeriu.

Ao refletir sobre exclusão social, Suannes responsabilizou a sociedade pela situação dos excluídos. "Muitas vezes somos passivos diante da temática. Temos que dar oportunidade para as pessoas terem o mínimo de dignidade humana. Nós, os privilegiados sociais, não deveríamos permitir que as pessoas chegassem a este grau de desespero", afirmou.