Brasília, 8/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Placas de xisto encontradas em monumentos funerários encontrados em Portugal revelavam a genealogia das pessoas e tinham o papel de legitimação e transmissão de poder. A conclusão, da arqueóloga americana Katina Lillios, contraria a teoria de estudiosos portugueses que consideravam as placas um culto à deusa-mãe, divindade européia da época.
As placas datam de 3.200 a 2.800 antes de Cristo, período em que seu deu a passagem do nomadismo para o sedentarismo, e eram colocadas no peito do mortos. Encontradas numa região que vai da parte central de Portugal até o sul, área de 350 quilômetros por 250 quilômetros, as mais de quatro mil placas encontradas até agora apresentam uma espécie de escrita sem palavras, na avaliação da pesquisadora. São uma espécie de indicação para a memória, a exemplo do que fizeram os maoris, na Nova Zelândia. As placas eram gravadas com lâminas de sílex e são encontradas em sítios arqueológicos de Portugal e da Espanha, em monumentos funerários chamados de antas.
A maioria das placas são de xisto, só 1% é de rocha calcárea. O formato é quase sempre de um trapézio e a maioria tem um furo na parte mais estreita. Os desenhos lembram padrões de tecelagem, como ziguezague, xadrez, triângulos, espinhas e traços verticais. A pesquisadora examinou 1.060 placas do total encontrado e nenhuma era igual à outra. Essa constatação a levou a concluir que as figuras têm um significado além do simples motivo estético. Ao comparar as placas, Katina percebeu que os padrões se repetiam, em vários locais, e o número de seqüências dos padrões variavam. Ela acredita que o desenho ganhava mais uma seqüência do padrão a cada nova geração.
Outros fatores que reforçam a hipótese de que as placas eram indicações genealógicas são sua localização, com a existência de padrões semelhantes nos mesmos locais, e a verificação de que o material ou o tamanho da peça era independente dos padrões. Esse último fator fez com que a pesquisadora deduzisse que o mais importante era o desenho e não o material ou o tamanho da placa onde estava inscrito.
A pesquisa espera agora que sua teoria possa ser comprovada depois que 12 placas de xisto encontradas num sítio arqueológico, no Algarve, sul de Portugal, sejam examinadas. É possível fazer testes genéticos porque o local foi desenterrado recentemente e, assim, verificar se pessoas com placas semelhantes tinham relação de parentesco e também saber o sexo. A previsão é de que esses exames estejam prontos dentro de seis meses. (com informações da BBC Brasil.com)