Brasília, 05/07/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Caixa Econômica Federal (CEF) comemorou nesta semana a marca de 240 mil contas populares abertas desde 25 de maio, quando teve início a campanha para ampliar o acesso da população às contas bancárias, também chamada de "bancarização". A previsão inicial era de 500 mil contas abertas até dezembro, mas com o desempenho alcançado até agora, a meta deverá ser atingida bem antes.
A gerente nacional de Segmento Essencial e Microcrédito da CEF, Adriana Probst, responsável pelo programa, explica as razões para a comemoração: segundo ela, não foi fácil convencer os cidadãos de baixa renda de que conta bancária não é privilégio dos ricos, mas direito de todos. Eles estavam desconfiados da "esmola demais". Adriana Probst conta que sua equipe teve que "recriar a linguagem bancária" para conquistar os novos clientes.
Frases corriqueiramente utilizadas em qualquer agência, como "vou analisar o seu cadastro e renda para verificar se você pode tomar um crédito conosco" soavam como língua estrangeira para os novos clientes. Após pesquisa feita junto às populações atendidas e a formação de grupos focais, o banco reestruturou de maneira mais compreensível as frases, o que implicou também em um trabalho interno com a equipe envolvida. "Nós pensávamos que conhecíamos bem e sabíamos abordar os clientes mais pobres, mas não fomos capazes de perceber que a comunicação esbarrava no nosso jeito de falar, dirigido a uma clientela que já conhece o dia-a-dia de um banco", admite Adriana.
Dos grupos focais surgiu o "guia da Caixa para você entender os serviços dos bancos", com explicações para termos que vão desde "conta", "depósito", "saldo" e "juros" até "porta giratória".
"Nos grupos focais percebemos que a porta giratória representava uma enorme barreira porque eles anteviam o constrangimento de que seriam barrados por serem pobres", conta Adriana, ao destacar que havia uma impressão, nos grupos focais, de que os guardas, "pobres como eles", estavam ali para apertar o botão e travar a porta a cada vez que um maltrapilho tentasse entrar. O apelido dado à medida de segurança era "trava-pobre".
Em alguns casos, foi preciso desenvolver uma estratégia para convencer o cidadão a tirar o dinheiro de debaixo do colchão e a acreditar que no banco ele está mais seguro. "Tivemos que permitir o acesso diário ao saldo porque há clientes que, a cada momento, queria se certificar de que seu dinheiro continuava no banco". diz a gerente que percebia nos novos correntistas a desconfiança de que aquele pedaço de plástico poderia controlar o seu dinheiro.
Agora, pouco mais de um mês depois de lançado o programa, os primeiros clientes já mostram familiaridade com o cartão magnético. De acordo com Adriana, eles aguardam agora a aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN) para ter acesso ao microcrédito - segundo passo no programa de inclusão bancária. "Há pessoas cujo salário não permite comprar um liqüidificador e a única maneira realizar esse consumo será por meio do microcrédito", comenta.
Segundo os dados da Caixa, a maior movimentação não acontece nas agências, mas sim nos correspondentes bancários - casas comerciais e lotéricas onde estão instalados caixas eletrônicos. A Conta Caixa Aqui, que pode ser aberta sem comprovante de renda ou de endereço, está presente em todos os 5.561 municípios brasileiros, por meio de 2.108 estabelecimentos comerciais e 9.000 casas lotéricas, além das agências bancárias.
Parcerias com governos estaduais e prefeituras municipais também atraíram clientes, interessados, além da abertura da conta, no pagamento de benefícios sociais e emissão de CPFs.
Em Belém, a Caixa e a prefeitura instalaram um posto de atendimento no bairro da Pedreira, o mais carente da cidade, onde foram abertas mil contas e efetuados o pagamento dos benefícios do Fome Zero para 2,5 mil famílias.
Em Macapá, populações indígenas, remanescentes de quilombos, e famílias desassistidas foram aos postos criados para em parceria com o governo estadual, totalizando 3 mil contas abertas.
Na região de Ribeirão Preto as agências da Caixa incentivaram a parceria com as usinas sucroalcooleiras para que os trabalhadores rurais também possam abrir suas contas. (Edla Lula)
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