Brasília, 04/07/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil pode triplicar o superávit no setor pesqueiro em dois anos - atualmente em US$ 130 milhões anuais - com novas políticas governamentais e organização. A avaliação foi feita, hoje, durante debate na TV Câmara, entre o Ministro da Pesca, José Fritsch, os deputados Marcondes Gadelha (PB) e Selma Schons (PR), e o ex-titular da Superintendência da Pesca (Sudepe), Ubirajara Timm. O parlamentar paraibano aposta, ainda, que em quatro anos a produção cresca 35%.
O ministro lembrou que o Governo destinou, no mês passado, R$ 1,3 bilhão para o setor, dos quais R$ 800 milhões para o Nordeste. Acrescentou que entre os beneficiados com esse dinheiro está um milhão de pescadores artesanais, sendo 20% mulheres. Além de crédito, Fritsch entende que é necessário articular, qualificar e profissionalizar o pescador brasileiro, para que a sua atividade seja sustentável economicamente, sem perder a preocupação com o meio ambiente.
Ubirajara Timm acredita que, pela primeira vez, o Brasil esteja vivendo um grande estímulo no setor pesqueiro porque as decisões estão sendo tomadas no início do Governo. Para ele, a maioria das políticas adotadas anteriormente não prosperou porque ocorreram sempre em finais de mandato.
Timm que disse que o País agora tem esperança de sair da situação vexatória em que se encontra, ocupando a 27a. posição na produção mundial de pescado, com um milhão de toneladas/ano. Ele informou que o Chile produz cinco vezes mais que o Brasil e o Peru doze vezes mais. A China lidera a produção mundial, abastecendo 60% do mercado.
Inconformado com a situação de inferioridade vivida pelo País, no setor pesqueiro, Timm lembra que o primeiro peixe de proveta do mundo foi criado no nordeste brasileiro, há cinqüenta anos, pelo pesquisador gaúcho Rodolfo Wonhere. Para ilustrar o atraso nacional, observou que o Uruguai, há trinta anos, não praticava nenhuma atividade pesqueira, hoje é grande exportador, inclusive para o Brasil.
Selma Schons defendeu a revisão dos 50 projetos sobre o setor pesqueiro que tramitam no Congresso Nacional. Ela sugeriu a ocupação do pescador também no período do defeso (época da desova que ocorre de janeiro a abril), quando a pesca é proibida, evitando que, por não ter recursos, o pescador recorra a pesca predatória. Ela observou que além da pobreza, o analfabetismo e o alcoolismo são muito presentes na atividade pesqueira.
