Brasília, 3/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A briga entre o PT e o PMDB no Distrito Federal, que foi parar na justiça, pode respingar na base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma nota dura emitida ontem pela Executiva Nacional do PMDB em defesa do governador Joaquim Roriz, ameaçado de cassação, alega que o confronto doméstico entre os dois partidos pode não só inviabilizar a aliança com o governo federal como também a governabilidade do país. O lídere do PT no Senado, Tião Viana (AC), considerou a nota um exagero.
Roriz está ameaçado de cassação por denúncias que vão de grilagem de terras a corrupção, abuso do poder econômico e crimes eleitorais. O governador nega as denúncias e alega que elas fazem parte de uma perseguição política do candidato derrotado ao governo, Geraldo Magela (PT-DF). Mas o fato é que a Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia contra Roriz no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso do poder econômico. Outros três processos por crimes eleitorais aguardam parecer do Ministério Público.
Esses processos estão parados e serão retomados em agosto, com o fim do recesso do Judiciário. Retomados os trabalhos, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) julgarão primeiro uma ação cautelar impetrada pelo governador. Nela, Roriz tenta derrubar a decisão do ministro Sepúlveda Pertence de autorizar o prosseguimento da ação criminal para cassação do seu mandato.
No campo político, apesar de considerar excessivo o tom da nota pemedebista, Tião Viana disse que é legítima a ação do partido em defesa de seu governador. Acrescenta, no entanto, que o PT tem "fortes evidências" de que Roriz cometeu "transgressões éticas e administrativas". Neste sentido, ele caracteriza como legítima a ação do seu partido para reparar eventuais delitos que tenham mudado o rumo das eleições para governador do Distrito Federal. Ele não acredita que o caso do governador do DF vá interferir na aliança nacional com o PMDB.
O vice-líder do PMDB no Senado, Romero Jucá (RR), afirma que as relações entre o maior partido da base do governo na Casa com o presidente Lula não podem ser pautadas "por excessos". Acrescentou que não será a vontade individual de ninguém que vai dizer se A ou B vai ocupar o cargo de governador do Distrito Federal. Jucá transfere para a justiça a decisão sobre o destino de Roriz. A seu ver, não cabe ao PT de Brasília antecipar esta discussão tentando criar um clima de confronto.