Brasília, 3/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Não será estabelecida uma taxa de juros para os empréstimos oferecidos pelos bancos aos trabalhadores com carteira assinada. Mas segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, como o desconto ocorrerá no contracheque, os juros deverão ser os mais baixos possíveis em função da concorrência entre as instituições financeiras e dos acordos entre os sindicatos e as empresas.
A intenção é atender a todos os trabalhadores da iniciativa privada e funcionários públicos, mas existe a possibilidade de beneficiar, também, os aposentados. Appy não soube informar, porém, qual o volume de recursos que isso envolveria, mas disse acreditar que se trata de bilhões de reais. A idéia tanto do governo, quanto dos sindicatos, é colocar as medidas em prática o mais rápido possível.
Hoje, banqueiros, trabalhadores e o governo se reuniram durante aproximadamente duas horas, em Brasília, para discutir as medidas que irão reduzir o custo dos empréstimos para os trabalhadores e aumentar o volume de crédito. Ao final do encontro, um protocolo de intenção foi assinado. Os empresários não foram convidados, mas o governo acha que em outras reuniões a presença deles será importante.
Não houve um acordo, no entanto, sobre a parcela do salário que pode ser comprometida nos empréstimos. Luiz Marinho, presidente da CUT, acha que pode ser 25%, mas a tendência é que o percentual seja o mesmo previsto na lei 3.297, de 17 de dezembro de 1999, que estabelece o limite de comprometimento em 30% dos salários para os servidores públicos.
Para o secretário geral da CGT (Central Geral dos Trabalhadores), Canindé Pegado, o acordo será bom para os trabalhadores, que, segundo ele, hoje tem dificuldade de tomar empréstimos nos bancos, mas é preciso calma. "As pessoas precisam verificar, primeiro, se têm condições de aumentar o seu endividamento e se vale a pena os juros oferecidos pelos bancos".
Já o presidente da Febraban ( Federação Brasileira dos Bancos), Gabriel Jorge Ferreira, afirmou que a proposta é boa para os bancos porque se trata de uma operação de crédito que terá uma garantia muito líquida e com risco de inadimplência muito pequena, o que permite a prática de juros bem menores do que as convencionais. "Isso é um mecanismo importante porque o quê complica a questão do crédito no Brasil é a questão da cobrança do crédito bancário".
Representantes dos bancos, dos sindicatos e do governo não marcaram uma data para novas discussões sobre o assunto, que deve ocorrer em breve.
Daniel Lima