Brasília, 3/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil está co-presidindo com o Japão, em Tóquio, uma reunião para discutir abertamente, e sem o compromisso de acordos oficiais, os encaminhamentos do Protocolo de Quioto, que pode entrar em vigor ainda esse ano. Estão presentes representantes de países que, durante a ECO 92, estabeleceram metas de redução da emissão de gases na atmosfera. Dentro da discussão, uma tensão entre países desenvolvidos, como os EUA e Austrália que já disseram que não vão aderir a proposta, e as nações em desenvolvimento, como o Brasil, Índia e China. Países ricos, os quais têm grandes parques industriais e conseqüentemente poluem muito, questionam as metas estabelecidas e também a liberação dos países em desenvolvimento de não terem de cumprir com o acordo.
O protocolo de Quioto estabelece que países como o Japão, Alemanha, Reino Unido e França, responsáveis pela maior parte das emissões de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera, reduzam em 5% as suas emissões até 2012. Para entrar em vigor, é necessário o cumprimento de duas condições: emissões dos signatários do acordo têm de alcançar 55% do total de gases emitidos no planeta, e pelo menos 55 países tem de aderir a Quioto. De acordo com o Itamaraty, 110 países já ratificaram o documento.
O governo brasileiro tem liderado a resistência dos países em desenvolvimento ao estabelecimento de metas de emissão de gases. O argumento brasileiro é que os países mais ricos, como os maiores responsáveis pelos níveis de poluição do ar hoje em dia, devem arcar com a maior parte das obrigações com o meio ambiente.
O encontro, que se realiza até amanhã, conta ainda com a participação da África do Sul, Alemanha, Austrália, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, Irã, Índia, México e Reino Unido.
Durante a estada em Tóquio, os membros da delegação brasileira devem manter também encontros bilaterais com representantes japoneses dos setores governamental, acadêmico, empresarial e industrial, com vistas a discutir energias renováveis, especialmente o álcool combustível e seus aspectos ambientais.