São Paulo, 30/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro Tarso Genro pediu hoje paciência aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e reiterou que o objetivo do grupo é encontrar um consenso para definir os caminhos do desenvolvimento econômico e social no Brasil. O secretário de Desenvolvimento Econômico e Social fez a declaração ao participar da primeira reunião do grupo temático que discute os "Fundamentos Estratégicos para o Desenvolvimento". Hoje, em São Paulo, discutiu-se a possibilidade de dar prioridade a propostas de curto prazo. A reunião do grupo temático prossegue amanhã no Rio.
.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, disse que é preciso "ter coragem para ver o que o que não precisa ser feito". Ele considerou positivo o papel do governo, do ponto de vista da interlocução com os segmentos da sociedade, mas ressaltou que cabe ao governo encontrar mecanismos que permitam um maior controle das finanças públicas. Piva destacou também a importância da desoneração tributária, previdenciária e trabalhista.
Ele disse que o desafio é definir as prioridades, mas lembrou que é necessário criar condições de crescimento econômico, embora a situação atual, com os altos juros, não permita esse crescimento. Tal crescimento resultaria em maior competitividade e na criação de empregos, acrescentou o presidente da Fiesp, que não acredita em crescimento neste ano.
Para outro membro do conselho, o economista Luiz Gonzaga Belluzo, o cenário econômico para o segundo semestre preocupa: "Temos um sinal muito ruim para a produtividade e o emprego". Apesar de o governo ter feito uma transição "competente", disse ele, questões como a valorização do câmbio comprometem o equilíbrio de longo prazo da economia, e há falta de capacidade de investimento público. Belluzo alertou que, se a economia for mantida nessa trajetória, o país terminará o ano em uma recessão grave.
"Não podemos descuidar do que acontece com a economia neste momento", afirmou Belluzo, que prevê um crescimento tímido neste ano. "Entre zero e 1%", se forem tomadas medidas como a redução dos juros. "Na medida em que caiam os juros, se reduziria um pouco a absorção de recursos por parte da dívida, e a economia teria mais espaço para crescer".