Mantega admite interesse do FMI em renovar acordo, mas diz que é cedo para pensar no assunto

26/06/2003 - 17h15

São Paulo, 26/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Planejamento, Guido Mantega, admitiu que o Fundo Monetário Internacional (FMI) está disposto a renegociar o acordo de empréstimo com o Brasil - que vence em setembro - mas salientou que é demasiadamente cedo para se pensar na questão. " O Fundo está com boa disposição em relação ao Brasil. Portanto no que depender do FMI é possível renovar. Nós vamos analisar a situação".

Em seminário na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o ministro negou que o Brasil pensa em adotar postura como a da Argentina, que resolvou estipular um prazo mínimo de permanência do capital especulativo no país. Segundo o ministro, a filtragem do tipo de capital estrangeiro que entra no país, se dará de forma natural. " Acho que isso se dará naturalmente quando você reduzir a taxa Selic, aí você vai fazer uma filtragem de capital. O capital de investimento entra e o capital especulativo não".

O ministro comentou também que a meta de inflação para o ano que vem, estabelecida em 5,5%, com 2,5 pontos percentuais de flexibilidade, "é uma meta exequível que, portanto, viabilizará o controle da inflação e a retomada do crescimento.

Mantega afirmou que "a batalha contra a infação está vencida". Ele brincou ao lembrar que o país saiu da UTI, mas ainda está no hospital. "A gente ainda está passeando no pátio para exercitar os músculos, para depois subir as escadas", observou.

Questionado sobre o futuro da Taxa Básica de Juros da Economia (Selic), o ministro adotou um tom otimista. "A partir das taxas de inflação que estão sendo anunciadas, nós podemos imaginar que a taxa Selic vai continuar caindo", disse.

Em relação ao desaquecimento da economia brasileira, disse que é preciso resolver um problema de cada vez e que o controle da inflação era o mais urgente, ou o crescimento estaria comprometido. "Resolvido esse problema, agora vamos tomar várias medidas no sentido de aquecer e estimular a economia", acrescentou, lembrando dos recentes anúncios do Programa Nacional de Microcrédito e do Plano Safra. O ministro arriscou uma estimativa de crescimento possível para este, entre 1,5% e 2%. "Está de bom tamanho para este ano", disse.

Guido Mantega participa do Primeiro Congresso da Indústria Paulista, que está sendo realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).