Brasília, 26/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Luiz Bevilacqua, recebeu hoje, dos dirigentes do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (CNES), a comunicação da desistência do país em participar do programa de cooperação do satélite franco-brasileiro, durante reunião no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos.
Em contrapartida à desistência do acordo, os franceses ofereceram a entrega, sem custo, de todos os equipamentos já produzidos e adquiridos, suporte técnico, testes de subsistemas do satélite em seus laboratórios, além de colaboração no projeto detalhado do controle de altitude e órbita, adequação do software de vôo e acompanhamento em possíveis revisões do esquema inicial.
A decisão do governo da França em restringir seus gastos na área espacial também afetou projetos acordados com a Índia e sua participação na Sonda Marte, do Projeto Mars, que envolve a Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA) e a Agência Espacial Européia (ESA).
Outra definição de consenso foi a retirada integral da carga útil francesa do satélite que levaria a bordo quatro experimentos tecnológicos, inclusive um giroscópio da ESA. Deverão ser mantidos dois sensores de plasma e de partículas, do INPE, e três outros experimentos da Universidade Federal de Santa Catarina.
O acordo de intenções entre Brasil e França foi firmado em 1996, numa negociação envolvendo as agências espaciais de ambos países. A proposta envolvia a construção em parceria de um microssatélite científico, com cerca de 100 quilos e tendo como carga útil nove experimentos a bordo e lançamento para 2004. O valor do projeto era estimado em US$ 10 milhões.
Para o presidente da AEB, mesmo com a saída, os franceses se mostraram muito cooperativos com relação às propostas, como também foi negociada entre as partes a participação brasileira em outro Projeto - o Corot. "Nós estamos inclinados a permanecer no projeto, onde já estão envolvidos seis pesquisadores brasileiros, em treinamento na França", disse Bevilacqua.
O Projeto Corot se dedica a pesquisar a sismologia estelar, mais especificamente analisar as pulsações não-radiais das estrelas, e à procura de exoplanetas. Participam desta missão espacial, além do Brasil, a Alemanha, Holanda, Áustria, Bélgica, Espanha, Itália entre outros.