Febraban considera que microcrédito é essencial para crescimento do país

26/06/2003 - 11h28

Brasília, 26/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Federação dos Bancos do Brasil (Febraban) considerou positiva a decisão do governo em expandir o crédito bancário às camadas de menor poder aquisitivo da sociedade, com juros baixos. Para a entidade, o país não conseguirá crescer sem esse tipo de iniciativa.

O economista-chefe da entidade, Roberto Luiz Troster, define bem a postura dos banqueiros: "A conta social proposta pelo presidente Lula (Luis Inácio Lula da Silva) é um primeiro passo, uma grande idéia para que todos tenham dinheiro mais barato. Isso vai gerar mais consumo, investimentos, crescimento e, também, empregos", resumiu.

Troster fez também uma comparação entre o que o governo brasileiro propõe (juros de 2% mensais nos empréstimos bancários às camadas de baixa renda) e a redução dos juros, nos Estados Unidos, para 1% ao ano. Ele chamou atenção para um detalhe: "A economia norte-americana está cada vez mais devagar, se desacelerando. Nesses casos, o que um governo tem que fazer? Estimular o setor produtivo, pois há o risco de deflação (preços mais baratos), enquanto no Brasil ocorre o oposto.

O economista-chefe da Febraban fez questão de dizer, também, que o plano de ação da sua entidade é voltado para atacar as causas que fazem com que os "spread" (custos entre captação e repasse de recursos) sejam muito altos, devido a grande tributação, como IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), PIS (Programa de Integração Social, IR (Imposto de Renda) e outros impostos que, como disse, acabam provocando ônus desnecessários.

Outro item citado por Roberto Luiz Troster como encarecedor do crédito é o depósito compulsório. "Hoje, os bancos têm de emprestar R$ 129 bilhões para o Banco Central. É muito dinheiro, um valor que poderia ser emprestado à população, mas que termina emprestado ao governo que, historicamente, tem muito déficit."

O economista foi mais além nas explicações sobre o alto custo dos juros no país. Criticou o ordenamento jurídico do país, o qual considerou não ser o ideal, lembrando que no Brasil os processos demoram muito a ter fim, "as vezes décadas" e onerando custos bancário, pois é uma justiça rápida ajuda credores e devedores", enfatizou.

(Gustavo Mariani)