Líder do PFL no Senado cobra do Executivo respeito ao Congresso

25/06/2003 - 13h03

Brasília, 25/6/2003 (Agência Brasil - ABR ) - Apesar de não ter ouvido as declarações do presidente Lula na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN), afirmou hoje que, "reestabelecidas as relações no plano da respeitabilidade", o PFL, e ele próprio, retomam o diálogo com o governo. Segundo Agripino, o presidente da República não tem de se retratar, tem apenas de colocar os fatos no plano da relação dele com o Congresso. "Entre o Executivo e o Congresso tem que imperar uma coisa chamada respeito", disse o senador.

Hoje de manhã, os líderes do PSDB, PDT e do PFL na Câmara e no Senado reuniram-se com os presidentes da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para comunicar que não iriam à reunião no Palácio do Planalto, na qual o presidente Lula iria anunciar a convocação extraordinária do Congresso, em julho. O motivo alegado pelos líderes do PSDB, Arthur Virgilio (AM), do PDT, Jefferson Peres (AM), e do PFL, Agripino Maia, foram as declarações do presidente Lula de que "... não tem Congresso Nacional, nem Poder Judiciário" capazes de impedi-lo de fazer as reformas da Previdência e tributária.

Os líderes pediram ao presidente do Congresso, José Sarney, que conversasse com o presidente Lula sobre a necessidade de retratação pelas declarações referentes ao Congresso. Agripino reclamou que a imprensa apenas ouviu o Poder Judiciário (o presidente do Supremo Tribunal Federal), sobre as declarações de Lula, sem procurar os parlamentares.

Arthur Virgílio disse que, se o presidente não se retratasse, pareceria "que estava no caminho do teatro, de Collor" (o ex-presidente Fernando Collor). Ele disse que o presidente "destratou o Judiciário e o Congresso" e deu a entender que fará a reforma, mesmo que os parlamentares não queiram. "Rejeitamos esse método de ser tudo na marra, de conversei com Deus ontem e Deus me disse que, iluminado como eu sou, resolvo tudo por vocês, menores, enfim, de pai da Nação".

O senador tucano disse que os líderes cobraram dos presidentes da Câmara e do Senado "uma posição dura, uma retratação do presidente". Jefferson Peres, por sua vez, disse que as palavras de Lula fizeram-no lembrar os idos de 64, quando ouvia, preocupado, os ministros militares que diziam: "reforma na lei ou na marra".

Agripino Maia ressaltou que os líderes não estavam fazendo oposição, mas pedindo uma consideração do Presidente da República, que fez "declarações emocionadas", colocando o Congresso e o Judiciário como empecilho para as reformas. "O presidente está começando a extrapolar, está agindo com truculência, a truculência do PT. Ele (o presidente) sempre foi conciliador". O PFL vai conversar tantas vezes quantas for chamado para conversar com o presidente no Palácio, garantiu o líder.

Célia Scherdien