Investimentos estrangeiros no Brasil caem 62% em maio

25/06/2003 - 15h43

Brasília, 25 (Agência Brasil - ABr) - A entrada de investimentos estrangeiros no Brasil caiu 62% no mês de maio, comparada com igual período do ano passado. O volume, no mês passado chegou a US$ 541 milhões, contra US$ 1,42 bilhão de maio de 2003. No entanto, as contas externas apresentaram saldo positivo de US$ 1,162 bilhão

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), Altamir Lopes, disse que a redução desses recursos é uma tendência mundial. "A retração nesses fluxos obedece a um comportamento que não é exclusividade da economia brasileira", acrescentou.

Segundo o representante do Banco Central, os investimentos estrangeiros diretos relativos a junho, acumulam, até agora, saldo negativo de US$ 54 milhões. Ele explicou que esse resultado reflete uma única operação de retorno no valor de US$ 649 milhões referente à compra do banco espanhol Bilbao Viscaia (BBV) pelo Bradesco.

De acordo com a série histórica do Banco Central, iniciada em janeiro de 1995, é a primeira vez, que a saída de investimentos supera os ingressos, desde março de 1995, quando o mês fechou negativo em US$ 22,1 milhões. Lopes espera que os investimentos estrangeiros encerrem junho com saldo positivo em torno de US$ 100 milhões.

No acumulado do ano, os investimentos diretos no País acumulam US$ 3,315 bilhões. Em igual período de 2002 chegaram a US$ 8,087 bilhões. Com a redução desses ingressos, o Banco Central já revisou de US$ 16 bilhões para US$ 10 bilhões a estimativa para o ano. Em 2002, os investimentos estrangeiros diretos atingiram US$ 16,566 bilhões.

Segundo o relatório do Banco Central, apresentado hoje, as transações correntes (saldo das operações de comércio e serviços com o exterior) fecharam maio com superávit de US$ 882 milhões. De acordo com Altamir Lopes é o melhor resultado para o mês desde maio de 1990, quando obteve US$ 1,040 bilhão, e decorre, principalmente, do bom comportamento do comércio externo.

A performance da balança comercial também é responsável, de acordo com Lopes, pelo déficit de apenas US$ 2 milhões, acumulado no ano, em transações correntes contra US$ 1,890 bilhão de janeiro a maio de 2002. Em doze meses, essas contas acumulam déficit de US$ 572 milhões, o melhor resultado. Desde outubro de 1994, quando ficaram positivas em US$ 1 bilhão. Para junho, a previsão do Banco Central, é de superávit em torno de US$ 800 milhões.

O documento do Banco Central também informa que os gastos líquidos com serviços totalizaram US$ 438 milhões, com queda de 25% em relação a maio de 2002. As despesas com transportes registram retração de 40,1%, ficando em US$ 125 milhões. As viagens internacionais representaram gastos de US$ 12 milhões, com redução de 91,9%.

O relatório destaca, ainda, a retração de US$ 47 milhões nas despesas com serviços de computação e informação, que somaram US$ 57 milhões, e as quedas de US$ 20 milhões em remessas de royalties e licenças e de US$ 13 milhões nas receitas com outros serviços. Esses resultados foram em parte contrabalançados pelo aumento de US$ 101 milhões nos pagamentos de aluguel de equipamentos.

De acordo com o Banco Central, ao final do primeiro trimestre de 2003, a dívida externa brasileira totalizou US$ 215 bilhões, US$ 4,6 bilhões a mais que a posição de dezembro de 2002. Esse total não inclui os empréstimos de intercompanhias no valor de US$ 18,4 bilhões, que se encontram registrados como capital de risco. A dívida externa de médios e longos prazos somou US$ 191,7 bilhões e a de curto prazo US$ 23,6 bilhões.