Delegado que rastreou contas do Banestado poderá assessorar Magno Malta na CPI

25/06/2003 - 20h27

Brasília, 25/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O delegado da Polícia Federal José Castilho Neto deve assessorar o senador Magno Malta (PL/ES), membro da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPI) que vai investigar o envio ilegal de dólares ao exterior por contas CC-5. Castilho Neto passou 72 dias em Nova Iorque rastreando contas irregulares do extinto Banco do Estado do Paraná (Banestado). Ao denunciar o envolvimento de políticos no caso, ele foi afastado das investigações pelo Diretor Geral da PF, Paulo Lacerda, acusado de vazar informações que estavam sob segredo de justiça. Segundo o policial federal, cerca de US$ 30 bilhões teriam sido enviados irregularmente ao exterior pela agência do Banestado em Nova Iorque.

Castilho confirmou que recebeu um convite informal para assessorar o parlamentar e, agora, espera a formalização deste pedido. Ele esteve hoje, no Congresso, para acompanhar a abertura dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito. Quanto às investigações, o delegado admitiu ter sentido "dificuldades enormes" para avançar nas apurações do caso. Disse, ainda, que não conseguiu identificar a origem das pressões.

"Me espanta é que uma investigação deste porte esteja causando tanta polêmica, tanta briga, tanta divergência. Eu sou apenas um investigador. Fui lá, descobri o fio da meada, de forma clara e transparente", afirmou o delegado. Ele considera as investigações sobre os desvios irregulares de dólares pelo Banestado, por personalidades brasileiras, como o episódio o político mais importante para o país depois do "impeachment" do ex-presidente Fernando Collor.

Ele ressaltou que as autoridades brasileiras não dependem apenas do acordo internacional de cooperação para realizar investigações sobre o caso nos Estados Unidos. "A polícia estadual de Nova Iorque, através do Ministério Público Distrital, já investiga as mesmas contas e a mesma lavagem de dinheiro que estamos investigando". Inclusive instauraram um inquérito judicial com base em informações apresentadas pela polícia brasileira, acrescentou.