Recessão e alta carga fiscal dificultam criação de empregos, diz ministro do Trabalho

24/06/2003 - 12h29

Brasília, 24/06/2003 (Agência Brasil – ABr) – O ministro do Trabalho e Emprego, Jaques Wagner, disse que a maior dificuldade para gerar empregos no País, atualmente, é a falta de investimentos do setor produtivo, por força de uma carga fiscal que chega a 33% da folha de salários, e também por conta do momento econômico. Estamos num quadro realmente difícil, que é de recessão, inclusive internacional", afirmou ao acrescentar que muitos países enfrentam dificuldades financeiras, a exemplo do Brasil, apesar de terem cargas tributárias menores.

Segundo ele, essa situação decorre do modelo de globalização excludente que está aumentando no mundo inteiro, e faz com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busque articulação com outros países que "sofrem drama semelhante" para que se possa encontrar uma saída negociada.

O ministro afirmou, ainda, que o presidente "vive uma certa angústia" pelo fato da criação de empregos não atender a mais de três milhões de jovens que esperam trabalho, nem aos que ficam desempregados. Por isso, disse Wagner, que o esforço é grande para reordenar a economia.

Num esforço para minimizar esse quadro, ele disse que seu ministério está tomando várias iniciativas. A primeira delas, a ser lançada pelo presidente da República, no próximo dia 30, é o programa Primeiro Emprego. Ele tem por objetivo criar 250 mil postos de trabalho, nos primeiros doze meses, para jovens entre 16 e 24 anos de idade, que batem à porta do trabalho formal e geralmente são rechaçados com a justificativa de "falta de experiência". Para isso, o governo vai anunciar uma linha de financiamento como contrapartida para as empresas inscritas no Sistema Nacional de Empregos (Sine) criarem postos de trabalho para quem está chegando ao mercado.

Jaques Wagner revelou, ainda, que haverá aumento do número de bolsas para trabalho comunitário nas áreas de cultura, esportes e alfabetização, que funcionam como complemento da renda familiar. Outra questão em análise para estimular a geração de empregos e reduzir custos de contratação, incluída na proposta de reforma tributária que está no Congresso, é a desoneração de parte dos impostos sobre a folha de pagamentos; a começar pela redução, à metade, da contribuição previdenciária, lembrou o ministro.

Ele reconhece que as pessoas com mais de 40 anos também têm muitas dificuldades para retornar ao mercado de trabalho e explicou porque a ênfase está sendo dada ao emprego para jovens: "Estamos trabalhando num primeiro momento com a juventude porque a taxa de desemprego nessa faixa etária é o dobro da taxa nacional de desemprego, e essa população acaba virando uma espécie de exército de reserva para o crime organizado. O dado é dramático; tanto que dois terços de nossa população carcerária é de jovens até 24 anos".

Mas esse esforço não é exclusivo, disse ele: "Estamos começando pelos jovens porque aí o drama é maior. Mas é claro que é o crescimento econômico que levará à geração de empregos, de modo a minimizar a falta de trabalho e renda, bem como evitar dramas como o que foi revelado ontem no Rio de Janeiro, na fila de inscrições para gari".

(Stênio Ribeiro)