Brasília, 24/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - A diretoria da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP) e o Sindicato dos Metroviários do estado não conseguiram fechar um acordo e, com isso, quase três milhões de passageiros correm o risco de ficar mais uma vez sem o transporte, depois da greve que durou dois dias na semana passada. Durante audiência realizada hoje, em Brasília, foi aceita a proposta do ministro Francisco Fausto que prevê o pagamento imediato de reajuste de 8% (retroativo a abril), mais 5% em 30 de janeiro de 2004 e outra parcela de 5% a ser paga em 30 de março do ano que vem. O que ainda está pendente é a inclusão de três itens no acordo: o pagamento das horas extras e do adicional de risco de vida para os metroviários, além de aviso prévio proporcional.
A diretoria do Metrô tem até às 11h de amanhã para levar a proposta ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e informar se concorda ou não com a inclusão das três cláusulas. "Acho difícil que o governo de São Paulo aceite o acordo. O pagamento de horas extras e do adicional de risco gera um custo muito alto para a companhia e acaba não sendo uma garantia para os trabalhadores", afirmou o gerente jurídico do Metrô-SP, Sérgio Passos.
De acordo com o ministro, as três cláusulas seriam a solução do problema porque substituiria um abono de 50% dos salários dos metroviários a ser pago em novembro, principal reivindicação da categoria. "A substituição do abono pelas três cláusulas é aceitável porque, na ponta do lápis, elas serão tão vantajosas quanto o eventual abono para os metroviários", disse. A diretoria do Metrô negou o pedido, alegando que o pagamento custaria cerca de R$ 9 milhões extras aos cofres da companhia.
A empresa ainda alegou que o metrô já aumentou em 19% as tarifas em janeiro desse ano e que os recursos foram utilizados para o pagamento de dívidas anteriores, não podendo ser revertidos para o pagamento do reajuste ou do adicional de risco de vida. De acordo com o gerente jurídico do Metrô, a greve causa um prejuízo de R$ 2 milhões por dia.
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Flávio Godoy, afirmou que a situação financeira da empresa não serve como justificativa para negar o pagamento do reajuste. Segundo ele, o metrô teria registrado um aumento de três milhões de passageiros e ainda inaugurado nove quilômetros de linhas só no ano passado. "Isso mostra claramente o equilíbrio entre as despesas e receita da companhia", concluiu. Se tudo correr bem, como imagina o ministro, a assinatura do acordo entre o Metrô-SP e a categoria será marcada para a próxima sexta-feira (27) no Tribunal Superior do Trabalho.