Brasília, 23/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Senado importou, literalmente, a festa junina nordestina. O senadores que vão perder as eventos que acontecerão de segunda a sexta, poderão matar a saudade das comidas típicas e do casamento na roça, amanhã, em frente ao auditório Petrônio Portella. A iniciativa do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) de promover um arraial no Senado, animou os parlamentares que estão na capital. Ele encomendou, do seu estado, quitutes regionais para garantir o sucesso da festa. "Noivo" do folclórico casamento da roça, Suassuna bem que tentou "pedir em casamento" algumas senadoras - a primeira teria sido Patrícia Sabóya (PPS-CE), apelidada por Mão Santa (PMDB-PI) de "Iracema dos lábios de mel"_ personagem da obra do escritor cearense José de Alencar.
Como as tentativas foram em vão, ele promete uma surpresa para este casamento. Buscou a noiva fora do parlamento e diz que não vai fazer feio. A juíza de paz, entretanto, já está garantida, segundo Suassuna. Vai ser a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que por alguns minutos deve deixar de lado seu empenho nas investigações, pelo parlamento, dos dólares desviados pelo Banco do Estado do Paraná (Banestado), para "casar" Suassuna. Se tivesse um pouco mais de empenho, talvez o senador paraibano não precisasse buscar sua noiva em outros arraiais. A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) até que se dispôs a pensar no caso, mas não foi convidada. "Eu estou ofendida, o Suassuna convidou todas as senadoras menos eu", brincou.
Os quitutes não serão exclusividade dos nordestinos. A senadora goiana Íris de Araújo (PMDB)quer impressionar seus colegas com a culinária do seu estado. Deve levar para a festa pamonha, canjica e mané pelado (bolo de mandioca com côco). Outros, não vão levar comida, mas prometem muita animação. Sibá Machado (AC), um piauiense que fez carreira política pelo PT do Acre, ressaltou que já foi "muito bom de forró", e, quando tem uma oportunidade, trata de não perdê-la.
Para o gaúcho Paulo Paim (PT), que já confirmou presença, a festa junina promovida pelo seu colega paraibano é uma conseqüência natural de parte da história do folclore brasileiro que contagia todo o país nesta época do ano. Mesmo admitindo não ser muito bom de forró, Paim lembrou que no Rio Grande, também são realizadas festas em homenagem a São Pedro, São João e Santo Antônio.
O piauiense Mão Santa (PMDB), apesar das raízes nordestinas, destoou de seus colegas. Perguntado se iria a festa promovida ppor Suassuna, mudou de assunto. Ironizou dizendo que é devoto de outro santo: São Francisco de Assis _ nome verdadeiro do parlamentar. Este, infelizmente, não é comemorado nas festas juninas.
"Brasileiro que não gosta de forró ou é ruim da cabeça ou doente do pé", parodiou o senador Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC), referindo-se à canção "Samba da Minha Terra", de Dorival Caymmi e João Gilberto. Ele entende que os senadores vivem num ambiente estressante e de cobranças, razão pela qual iniciativas como a do senador Ney Suassuna "amenizam" o clima do parlamento. "Nós que vivemos nesta política, precisamos desta coisa para adocicar e diminuir um pouco a aridez do parlamento", afirmou. Acrescentou, ainda, que a iniciativa do colega da Paraíba em nada depõe contra a Casa. "O que depõe contra o Senado são atos abusivos ao interesse público que comprometem o decoro. Não me consta que a exaltação da cultura brasileira possa se traduzir nisso", disse Mesquita Júnior.