Ministro garante que patrocínio das estatais à cultura vai continuar

23/06/2003 - 13h14

Rio, 23/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - Ao participar, hoje (23), da cerimônia de entrega dos painéis de azulejos coloniais restaurados da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que o patrocínio das estatais ao setor cultural vai continuar, na medida do possível, e que novas políticas serão estabelecidas aos poucos, a partir do próximo ano. O ministro garantiu a continuidade dos programas já existentes e dos contratos e propostas assumidos, questão definida em reunião, na semana passada, com representantes da BR Distribuidora, Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Gil disse que planeja novas orientações para os programas que vinham sendo financiados nas áreas de cinema, patrimônio, teatro e música.

A solenidade realizada no Outeiro da Glória reuniu o ministro Gilberto Gil, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, e a presidente da Fundação Espírito Santo, Maria João Espírito Santo Bustorff Silva. A entidade tem sede em Portugal e foi responsável pela execução do Projeto de Conservação e Restauro do Patrimônio Azulejar da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. As obras levaram 18 meses e foram patrocinadas, no âmbito da Lei Rouanet, pelo BNDES, que participou com R$ 1,3 milhão e pela Petrobras, com R$ 200 mil.

Gilberto Gil destacou a importância dos financiamentos públicos e privados para preservar o patrimônio histórico-cultural do país, incluindo a participação popula, que pode ocorrer através da linha de financiamento do Projeto Monumenta, para conservação de imóveis particulares localizados em conjuntos arquitetônicos importantes. Segundo o ministro, outra forma de participar é tomar consciência mais profunda do compromisso do patrimônio histórico, da necessidade de conservar os imóveis e de entender que "casa velha não é coisa para ser jogada fora, nem derrubada". Ele lembrou que, muitas vezes, as casas velhas têm valor histórico e patrimonial muito grande e que é preciso criar essa consciência no público de que é necessário conservar o patrimônio e a identidade do país.

O trabalho de restauração dos azulejos coloniais da Igreja da Nossa Senhora da Glória do Outeiro começou em maio de 2000, envolvendo técnicos brasileiros e portugueses. O primeiro passo foi traçar um diagnóstico, que detectou o alto nível de salinidade e fungos nos azulejos. Foi preciso substituir 417 peças que não puderam ser recuperadas. A Fundação Espírito Santo-Museu Escola de Artes Decorativas comemora neste ano 50 anos de atividades e, no Brasil, já trabalhou na recuperação do interior da Igreja de Santo Antonio de Igarassu, em Pernambuco, e na restauração dos azulejos do Convento da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, em Salvador (BA).

A Igreja do Outeiro da Glória, como é popularmente conhecida, data do Século XVIII e é um dos marcos da topografia da cidade, situada sobre promontório ao sul do núcleo urbano inicial do Rio de Janeiro. A planta em forma octogonal é considerada como gema rara da arquitetura religiosa brasileira. Seus painéis de azulejos apresentam desenho monocromático azul sobre fundo branco e impressionam pela sobriedade, representando cenas inspiradas no Cântico dos Cânticos.