Áreas degradadas podem ser recuperadas com menos custos

23/06/2003 - 17h26

Brasília, 23/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O plantio de flora regional e a utilização de métodos alternativos para a recuperação de áreas florestais degradadas podem reduzir em até 40% os custos de reflorestamento e recuperação da biodiversidade. Pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram 13 alternativas baseadas em métodos agronômicos e na escolha eficiente das espécies a serem replantadas.

As novas técnicas, que vão do simples isolamento de uma área até o replantio total da floresta no local degradado, já possibilitaram a recuperação de 1.100 hectares de matas ciliares no estado de São Paulo. Dependendo do método escolhido, uma área degrada pode ser recuperada em menos de dois anos, mas para que a floresta atinja sua idade madura levará mais de 50 anos.

Antes de iniciar um projeto, os pesquisadores avaliam o estado da degradação, a capacidade de auto-recuperação ainda existente e a proximidade com florestas remanescentes, e determinam a quantidade e a combinação ideal de espécies para a recomposição da floresta. Segundo o professor Sérgio Gandolfi, do departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), utilizando esse processo é possível recuperar de imediato cerca de 50% da diversidade arbórea original.

Gandolfi explica que, em alguns casos, o simples revolvimento do solo e o aproveitamento das sementes que se encontram no própria solo é suficiente para a recuperação da área. "Ao ser revolvida, a terra propicia o ressurgimento natural de parte das espécies perdidas e abre caminho para a germinação de outras espécies de florestas vizinhas que são trazidas pelos pássaros".

Até pouco tempo, o único método de reflorestamento utilizado no país era o simples plantio de espécies em áreas degradadas, um procedimento que além de caro nem sempre dá resultados positivos. Recentemente, os pesquisadores marcaram cerca de 15 mil árvores nativas do estado de São Paulo e selecionaram 120 espécies que permitirão a produção de mudas específicas para cada região degradada.

De acordo com o professor, as áreas mais críticas e difíceis de serem recuperadas são as matas ciliares que margeiam os rios. "A mata ciliar segura os poluentes provenientes de áreas agrícolas e protege os rios da poluição. Sem essa defesa, os poluentes chegam a interferir até no abastecimento de água".