Brasília, 21/06/2003 (Agência Brasil – ABr) – O aparecimento de novidades na área científica acontece num fluxo tão grande, que até a própria Ciência e Tecnologia sofre "desorientação ética", por causa do constante fluxo de mudanças nos últimos 30/40 anos, e a universidade tem obrigatoriamente que se adaptar a isso. A preocupação foi externada pelo ministro da Educação, Cristovam Buarque, que viaja na próxima semana para Paris (França), onde vai participar da II Conferência Mundial de Educação Superior + 5, entre os dias 23 e 25.
O ministro fará o discurso de abertura da Conferência, que é promovida pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco); e o secretário de Educação Superior do MEC, Carlos Roberto Antunes dos Santos, falará sobre o tema Universidade e Inclusão Social. Antes, porém, de fechar a proposta brasileira, eles participaram, hoje, de teleconferência com reitores e professores universitários de todo o País, via Embratel, para discutir sugestões sobre o ensino superior do futuro.
O ministro Cristovam ressaltou que já vai longe o tempo em que os conhecimentos eram transmitidos somente em sala de aula, e disse que atualmente basta estar ligado à internet para qualquer um acessar cursos à distância. Além do mais, adiantou que não basta ao graduado de hoje a apresentação do diploma, visto que o fluxo de novas tecnologias tem uma freqüência cada vez maior, e ele tem, portanto, que estar em constante processo de atualização. Daí a necessidade, segundo ele, de as universidades também se adaptarem para romper o isolacionismo.
Cristovam acha que, no caso brasileiro, a modernização do ensino superior passa pela autonomia das universidades, de modo a que sua gestão ganhe mais mobilidade administrativa, mas com a preocupação de manter a qualidade acadêmica e a sintonia com os interesses sociais. Nesse particular, uma das sugestões aceitas por ele para compor a proposta brasileira a ser apresentada em Paris diz respeito a que os países credores aceitem a inversão de parte das dívidas dos países pobres em educação superior.
A discussão volta a ocorrer cinco anos depois da primeira conferência, realizada também na capital francesa. Por isso, o acréscimo gráfico "+ 5" ao título do encontro, que este ano tem o objetivo de avaliar as ações governamentais implementadas de 1998 para cá e apresentar propostas para os próximos anos. Serão realizadas mesas-redondas, palestras e exposições por representantes de governos e membros da Unesco.