MEC inicia discussão sobre ensino profissionalizante

16/06/2003 - 20h38

Brasília, 16/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério da Educação deu início, hoje, a um seminário para encontrar novas propostas para o ensino profissionalizante. Hoje, 65 milhões de brasileiros não concluíram o ensino médio. A maior parte tem mais de 15 anos e tem dificuldade de se adaptar à escola tradicional.

Para os especialistas, a educação profissional é a melhor maneira de capacitar essas pessoas para os desafios do mercado de trabalho, porque elas não têm mais a mesma disposição para enfrentar os bancos escolares. Apesar disso, essa modalidade de ensino perdeu força no país, a partir de 1997. O principal motivo, segundo o secretário de Educação Média e Tecnológica, Antonio Ibañez, foi o Decreto-Lei nº 2.208 que tornou obrigatória a conclusão do ensino médio para que os alunos de cursos profissionalizantes possam receber o certificado.

A revogação imediata desse decreto-lei é uma das principais reivindicações do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), apresentada em faixas colocadas dentro do Americel Hall, na Academia de Tênis, onde acontece o seminário. Outro ponto, defendido pelo diretor da Escola de Música de Brasília, Carlos Galvão, é a necessidade de uma maior aproximação entre a educação profissional e o ensino médio para uma melhor formação dos alunos.

Mudanças na legislação e novas formas de financiamento são as principais questões que vão ser discutidas no seminário. O evento reúne até quarta-feira cerca de mil profissionais e especialistas em educação.

Na abertura do evento, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, disse que a sociedade nos últimos anos começou a reconhecer a importância da educação para o desenvolvimento nacional. "Mas ainda é preciso avançar muito para que a educação seja a prioridade do país".

O ministro lembrou que a reunião da área econômica para definir a taxa de juros básica desperta mais atenção do que a discussão sobre a qualidade do ensino. "Quando o Copom se reúne, o Brasil inteiro fica de olho dias antes. Nosso encontro não chama a atenção de ninguém, mas daqui podem surgir coisas mais permanentes do que baixar a taxa de juros. Daqui pode sair uma revolução, do Copom pode sair, no máximo, um alívio ou um aperto para a economia", afirmou.

Cristovam disse ainda que quer a participação dos jovens na construção de uma escola ideal para o Brasil. Ele pretende realizar um debate em que todos os palestrantes serão pessoas com menos de 18 anos. O evento ainda não tem data marcada, mas deve acontecer em agosto, após o recesso escolar.