Especialistas preparam guia dos painéis de azulejos de Athos Bulcão em Brasília

15/06/2003 - 9h05

Brasília, 15/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - Uma das marcas da paisagem urbana de Brasília são os painéis de azulejos de Athos Bulcão. Suas obras estão espalhadas pelos mais diferentes locais, como a Igrejinha, na 307 Sul, ou os banheiros públicos, no Parque da Cidade. Mas há muitas outras criações do artista – cerca de duzentas, no total – pouco conhecida pelos moradores do DF.

Para mapear todo esse universo, duas especialistas em turismo cultural, Lana Guimarães e Tatiana Petra, estão preparando um guia das obras do artista plástico na cidade. "Vamos não só dar a localização das obras do artista, mas indicar todo um contexto urbano e histórico que as envolve", destaca Lana. Ela explica que Bulcão sempre se preocupou em integrar seu trabalho ao ambiente.

Essa, segundo as pesquisadoras, é uma das grandes virtudes de Bulcão: não privilegiar galerias de arte ou museus. "Ele sempre buscou aproximar sua arte do dia-a-dia das pessoas. Hoje seus painéis são encontrados em residências, no Aeroporto de Brasília e até num posto de gasolina da 503 Norte", conta Tatiana.

Ela e Lana acreditam que é importante que a população tenha conhecimento deste patrimônio para preservá-lo. No momento, elas procuram patrocínio para a edição do guia. A pesquisa está sendo feito como o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Secretária de Turismo do DF, da Unesco e da Fundação Athos Bulcão.

O guia apresentará três circuitos sobre o artista. O primeiro é o "monumental", em prédios do Eixo Monumental, como, por exemplo, o Teatro Nacional. O segundo circuito é o "Vivencial", que engloba áreas residenciais e comerciais das Asas Norte e Sul. O último é o "Comercial", que engloba o Setor Comercial e Hospitalar Sul, com prédios como o Hospital Sarah.

"Brasília é patrimônio cultural da humanidade. Esse tipo de publicação é importante para a sua preservação", destacou Lana.

Perfil do artista - Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918. Em 1935, ingressa na Faculdade de Medicina do Rio, mas abandona o curso quatro anos depois, para se dedicar à pintura.

Em 1945, estuda com o pintor Cândido Portinari e no mesmo ano trabalha com ele no Painel da Igreja da Pampulha em Belo Horizonte. Entre 1948 e 1950, viaja para estudar desenho e litogravura em Paris.

Em 1957, Oscar Niemeyer, que o conheceu durante o trabalhos na Pampulha, o chama para participar dos projetos em Brasília em 1957. No ano seguinte, Athos se transfere para a cidade. Com o tempo, apaixona-se por Brasília e decide morar definitivamente aqui.

Em 1963 se torna professor da Universidade de Brasília (UnB). Dois anos depois, durante o regime militar, é expulso da universidade por participar de um protesto, só sendo reintegrado à UnB em 1988.

Em 1992, é criada a Fundação Athos Bulcão, que estimula atividades artísticas no Distrito Federal. Em 2002, o artista conclui o painel do Aeroporto Internacional de Brasília, seu mais recente trabalho.

Atualmente, emboca com a saúde muito debilitada, Bulcão trabalha em projetos artísticos. O estilo de suas obras varia entre o figurativismo e expressionismo.