Juros do cheque especial chegaram a 163,9% em dezembro

28/01/2003 - 11h49

Brasília, 28/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - A taxa de juros do cheque especial fechou dezembro de 2002, em 163,9% ao ano, o que representa um aumento de três pontos percentuais à de novembro (160,9%), segundo nota do Banco Central divulgada hoje sobre política monetária e operações de crédito do sistema financeiro.

O documento mostra que a taxa de juros médio subiu de 50,2% para 51% ao ano e o spread, que é a diferença entre a taxa que o banco paga para captar recursos e a que cobra do cliente para emprestar, foi de 31,1% em dezembro. Para pessoas jurídicas, o spread passou de 17,3% em novembro para 16,2% em dezembro, e para pessoa física subiu de 53,6% para 54,5% no mesmo período.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, reconheceu que o cheque especial é "a modalidade de crédito mais cara que se tem e apesar outras alternativas de crédito serem mais baratas,nem sempre as pessoas têm acesso". Ele admitiu que o nível de inadimplência influencia na alta dos juros e daí acaba refletindo no spread, mas garantiu que o BC vem trabalhando há muito tempo por sua redução.

De acordo com a nota, a base monetária, em dezembro de 2002, considerando o critério de média de saldos diários, foi de R$ 69,9 bilhões, com crescimento de 13,9% no mês e de 32,23% no ano. O saldo do papel moeda emitido foi de 17,3% e o de reservas bancárias, de 7,4%. As operações com títulos públicos federais no mês, incluindo a atuação do BC com o objetivo de ajustar a liquidez do mercado monetário, foram de R$ 16 bilhões, resultantes das operações realizadas no mercado primário, onde houve resgates líquidos de R$ 7,7 bilhões de títulos do Banco Central e de R$ 6,3 bilhões de títulos do Tesouro Nacional.

O volume das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 377,8 bilhões em dezembro, representando expansão de 0,6% no mês e taxa acumulada de 13,7% no ano. O estoque de crédito com recursos livres alcançou R$ 213,1 bilhões, registrando queda de 0,4% em dezembro e crescimento acumulado de 9,8% no ano. Segundo o documento, o volume de crédito destinado ao setor privado foi de R$ 367,3 bilhões em dezembro, com expansão de 0,4% no mês e de 13,9% no acumulado do ano.

Os créditos destinados à indústria somaram R$ 117,9 bilhões e o volume de financiamentos para a habitação, que inclui recursos livres e direcionados, atingiu R$ 24,5 bilhões em dezembro. O volume de crédito concedido a pessoas jurídicas mostrou estabilidade em dezembro e aumento de 10,1% no ano, com o saldo atingindo R$ 136,7 bilhões. O saldo de empréstimos destinados a pessoas físicas caiu 1,1% em dezembro, atingindo R$ 76,3 bilhões.