Brasília, 28/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Educação, Cristovam Buarque, destacou hoje, durante palestra no Colégio Inei, nesta capital, sobre "Educação para o Terceiro Milênio", que três grandes projetos terão prioridade no governo Lula: a erradicação do analfabetismo de adultos, que considerou uma questão de justiça social; a construção de uma escola satisfatória, ideal; e a construção de uma nova universidade.
"Precisamos transformar o Brasil em uma única grande escola. Nós somos os construtores da inteligência do futuro e, portanto, não podemos deixar que 20 milhões de brasileiros continuem analfabetos e torturados", defendeu, observando que 80 mil professores e R$ 1,5 bilhão resolveriam em parte o problema. O ministro acredita que é preciso atrair os analfabetos em direção dos alfabetizadores, incentivando e estimulando, com idéias como o pagamento por cada primeira carta escrita em sala de aula.
Cristovam Buarque acha que é possível que ao final de quatro anos não seja zero o número de analfabetos no país e que possa, sim, restar um resíduo. "Vamos fazer um grande encontro nacional pelo fim do analfabetismo. O Partido dos Trabalhadores defende a alfabetização. Outra idéia é o programa Agentes de Leitura, no qual o carteiro levará cerca de três livros para a casa dos brasileiros, pois, além de aprender a ler é preciso dar continuidade à leitura", explicou, acrescentando que "quem é alfabetizador é herói na sua comunidade, no seu país. Ele salientou que é " necessário ter mania por educação, por educar".
O ministro observou que é preciso dar ênfase à Literatura e à Matemática no conteúdo escolar, assim como à promoção dos valores éticos. E listou outras prioridades nesse conteúdo: o gosto pela estética; a contemporaneidade; a solidariedade; o patriotismo; as questões lúdica, efetiva e afetiva; além do saber holístico, emotivo, aventureiro e ágil; da promoção da sociedade e da cidadania.
"A escola tem que ser a construtora do saber e não apenas instrutora. Ela é um bem sagrado e temos que transformar o estabelecimento de ensino em um templo da língua portuguesa. É preciso que a escola do terceiro milênio seja um lugar agradável, aconchegante, de promoção dos Direitos Humanos, do respeito mútuo, do empreendedorismo. Além de fazer com que seja libertado o lado artístico de cada um, pois, hoje, quem não sabe tocar um instrumento musical não é uma pessoa completa. Muitos não tiveram chance", esclareceu.
Com relação às universidades, Cristovam Buarque enfatiza que é preciso recuperar o encantamento e a vanguarda de pensamento da instituição de ensino superior. "O pensamento é atualmente mais rápido do que a universidade é capaz de ensinar. A universidade deixou de construir um mundo melhor e mais bonito, com responsabilidade ética e um mundo menos injusto. É necessário fazer concurso público para a contratação de mais professores; comprar novos equipamentos; e melhorar os salários dos docentes", frisou, lembrando que a compra de equipamentos implica no ensino de como utilizar computadores e seus programas.
Durante a sua palestra, o ministro defendeu também a prática do esporte e o ensino cultural nos estabelecimentos de ensino do país. E lembrou que o Ministério da Educação sabe o endereço de todos os analfabetos acima de 16 anos. "Nós sabemos o endereço deles. Basta procurar no Tribunal Superior Eleitoral", afirmou, garantindo que não têm preconceitos. "Vamos topar qualquer nova fórmula contra o analfabetismo, mesmo que seja injeção para aprender a ler", brincou.