Porto Alegre, 27/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - No mesmo dia em que caíram as torres gêmeas de Nova Iorque, 35 mil crianças estavam morrendo, em todo o mundo, por causa da fome. A informação consta de relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e foi utilizada pelo ativista de direitos humanos e prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Perez Esquivel, para mostrar o que pensa da impunidade. Esquivel está fazendo conferência sobre o tema no ginásio Gigantinho, na capital gaúcha. "Morreram e ninguém disse nada. Os meios de comunicação não disseram nada, não registraram. Essa é a grande impunidade dos homens que jogam uma bomba silenciosa contra a humanidade, por meio da fome, da submissão e da exclusão social", disse ele, indignado.
Esquivel afirmou que não pode admitir que, mais de 50 anos depois da 2ª Guerra Mundial, depois da explosão da bomba atômica nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, o povo do Iraque seja atacado novamente. O primeiro ataque durante a Guerra do Golfo, em 1991. O pacifista esteve recentemente no Iraque visitando vários hospitais e viu inúmeras pessoas com deformações genéticas causadas pela bomba de urânio enfraquecido, além de outras com câncer. "O ataque de 91 foi uma tragédia para o povo iraquiano", disse. Esquivel afirmou que, até hoje, ninguém foi responsabilizado pelas doenças e outras consequências da Guerra do Golfo. "Eu me pergunto se há direito internacional quando existe tanta impunidade", afirmou.