Porto Alegre, 27/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - O lingüista norte-americano Noam Chomisk declarou o fim do capitalismo neoliberal e a ascenção de um novo mundo no III Forum Social Mundial. Na conferência mais concorrida do evento, Chomisk afirmou que o Forum Econômico Mundial, em Davos, na Suiça, representa o fracasso do neoliberalismo e comentou que o tema escolhido para a 33ª edição do evento, "Construir a Confiança", reflete o desespero dos capitalistas frente ao crescimento das forças vindas dos movimentos populares e sociais. "O próprio fundador do Forum Econômico Mundial declarou que o poder das empresas acabou por completo. Significa que nós ganhamos, então é hora de juntar os cacos deixados pela destruição provocada por eles e reconstruir a vida", conclamou, sob forte aplauso da platéia.
O lingüista comparou o evento de Davos com o III Forum Social Mundial e afirmou haver uma correlação inversamente proporcional entre os dois Foruns: "Enquanto aqui cresce, cada vez mais, o clima de esperança, em Davos o tom está cada vez mais escuro. Acabou a festa global". Convidado para falar sobre o tema "Como enfrentar o império?", Chomisky falou que não daria a resposta, pois os que ali estavam sabiam muito melhor. "A forma de enfrentar o império é criar alternativas novas, que falem da vida, da justiça e da solidaderiedade. E é isso que acontece aqui", referindo-se ao Forum.
Chomisky citou a arrogância do presidente americano George W. Bush, que de forma explícita declarou que quer dominar sozinho o mundo. "Isso não é novidade, mas é a primeira vez que se diz de em alto e bom tom, de forma tão descarada", disse ele. Sobre a ameaça de guerra no Iraque, ele ressaltou questões internas, como a desaceleração da economia, e a queda no consumo como razões para que o governo chame atenção do povo com conflitos internacionais.
Em período pré-eleitoral, Bush não quer sofrer a impopularidade, por isso procura se tornar herói, contra o "terrível inimgo, que significa ameaça à humanidade". Na verdade, disse ele, Bush escolheu um alvo fraco - Saddam Hussein - e transformou no inimigo dos americanos, para encobrir as questões internas. Entretando, segundo Chomisky, o povo americano está atento, provoca a maior reação à ameaça de guerra já vista nos Estados Unidos. "Só para citar um exemplo, a Câmara de Vereadores aprovou uma resolução contra a guerra, onde a votação favorável foi de 46 contra um", disse, citando ainda que a universidade do Texas, "localizada ao lado do latifúndio dos Bush", também aprovou uma moção contra a guerra. "Em todos os lugares se vê protestos contra a guerra".
Contra o imperialismo, o lingüista citou diversas iniciativas capazes de provocar uma reação. O principal modelo, ao qual é ligado o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), para ele o movimento mais importante e animador do mundo, porque ocupa espaço de forma pacífica, solidária e apresenta alternativas concretas ao projeto neoliberal.