Emoção de Aleyda Guevara contagia platéia no Fórum Social Mundial

27/01/2003 - 17h16

Porto Alegre, 27/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - Logo após discursar, no início da tarde de hoje, nesta Capital, uma das mais assediadas conferencistas presentes ao III Fórum Social Mundial, a médica Aleyda Guevara, filha do revolucionário Ernesto Che Guevara, permaneceu por cerca de quinze minutos de cabeça baixa e o rosto coberto pelas mãos, sentada em uma cadeira, no palco. No local, um auditório com capacidade para cerca de 1.500 pessoas, completamente lotado, na maioria por estudantes universitários, falou de pé da tribuna sobre a trajetória histórica de Cuba.

A eloqüência das palavras firmes e recheadas de emoção arrancaram palmas e reações de cumplicidade às suas idéias a cada defesa pela união dos povos latinos contra a opressão econômica de países desenvolvidos. O ataque foi especialmente direcionado à política norte-americana.

Segundo ela, há muitos que perguntam o que vai ser de Cuba quando lá não mais estiver o comandante da ilha, Fidel Castro. Quem faz esta indagação, disse, demonstra que não
conhece "o nosso povo, que é muito romântico. Isto é uma verdade. A eles encantam o baile, encantam amar, sem nenhum tipo de problema", destacou, acrescentando outras qualidades
para que o país chegasse a sua independência como hospitaleiro, determinado a melhorar a vida que já tem.

Neste sentido, acrescentou, "desgradaçamente, se o nosso comandante vier a nos faltar, teremos que seguir adiante porque este é o caminho que Cuba necessita para prosseguir desenvolvendo-se. Em todos estes anos, o povo permaneceu unido, tendo suportado por 40 anos a pressão feita pelos Estados Unidos, e quer continuar em sua marcha socialista".

Entre os episódios apontados por Aleyda relacionados à perseguição americana, estão a introdução, nos anos 80, da dengue hemorrágica e conjuntivite hemorrágica, que atingiu cerca de 200 mil pessoas com o registro da morte de 158 cubanos, entre os quais 101 crianças. "Não se pode perdoar o fato de uma criança de cinco meses, portanto sem idade para ter ideologia, morrer porque precisa de medicamento só produzido pelos Estados Unidos".