Blix entrega à ONU relatório sobre inspeções no Iraque

27/01/2003 - 18h48

Brasília, 27/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - O inspetor-chefe da Organização das Nações Unidas (ONU), Hans Blix, afirmou hoje, em relatório entregue ao Conselho de Segurança sobre os 60 dias de sua missão no Iraque, que o governo de Saddam Hussein está cooperando com os inspetores de armas em algumas áreas, mas continua resistindo a esforços para assegurar seu desarmamento. "Parece que o Iraque não veio com uma aceitação genuína, e não só hoje, do desarmamento que lhe foi exigido e que necessita realizar para obter a confiança do mundo e viver em paz", declarou Blix. As informações são da CNN.

Fazendo um resumo das atividades de sua equipe, sob os termos da resolução 1.441 da ONU, Blix relatou que o Iraque não apresentou dados sobre grandes quantidades do gás venenoso VX e de antraz, que o país alega ter destruído na década passada. Segundo Blix, existe "forte evidência" de que o Iraque manteve certas quantidades de antraz depois de ter alegado que destruiu seus estoques.

A descoberta de foguetes vazios, capazes de transportar ogivas químicas, mostra que "o Iraque precisa fazer mais esforços para garantir que sua declaração (de armas) é atualmente correta". Embora o Iraque tenha "cooperado bem" ao dar acesso aos inspetores a todos os locais que estes queriam visitar, incluindo residências particulares, o inspetor disse: "Não é suficiente abrir portas; a inspeção não é um jogo de esconde-esconde; mas, um processo de verificação com o objetivo de construir confiança".

Blix declarou ainda que o Iraque se recusou a garantir a segurança de aviões de reconhecimento das Nações Unidas, a menos que certas condições fossem cumpridas. O inspetor-chefe rejeitou a alegação de autoridades iraquianas de que a equipe da ONU estaria fazendo um trabalho de inteligência.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aeia), Mohamed El Baradei, que apresentou seu relatório depois de Blix, pediu ao Conselho de Segurança mais tempo para que as investigações pudessem continuar, propondo que o período fosse de mais dois meses. El Baradei reiterou que os inspetores da agência não tinham encontrado provas sobre um programa de armas nucleares no Iraque.

O diretor-geral disse que os inspetores da Aiea não conseguiram verificar se o Iraque tem um ativo programa de armas nucleares e exortou os membros do Conselho de Segurança a permitir que o processo de inspeção "siga seu curso natural". "Tirando circunstâncias excepcionais e levando em conta que haja sustentada e ativa cooperação iraquiana, nós deveremos ser capazes, nos próximos meses, de fornecer uma garantia crível de que o Iraque não tem programa de armas nucleares", declarou ElBaradei.

"Esses poucos meses, na minha opinião, seriam um valioso investimento na paz, porque poderiam nos ajudar a evitar a guerra", completou.