Brasília, 13/01/2003 (Agência Brasil - ABr) - Apesar de o governo federal trabalhar com um cenário macroeconômico mais positivo para 2003, a equipe econômica de Lula já considera a revisão de algumas metas definidas no ano passado pela equipe econômica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Uma das alterações refere-se ao aumento do superávit primário. Por causa das dívidas da União, o governo vai ser obrigado a aumentar mais a receita que os gastos públicos. O governo terá que aumentar a arrecadação para garantir um superávit primário maior que a meta de 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB) acertada com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Não fazemos superávit primário por causa do FMI, mas porque temos dívidas", explicou Palocci.
Mesmo com a decisão de aumentar a meta de superávit, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse que não pretende alterar a meta de inflação deste ano, acertada no ano passado - de 4% com variação positiva ou negativa de até 2,5 pontos percentuais. Segundo ele, a equipe econômica não vai ajustar, a curto prazo, o índice de inflação às metas propostas. "Isso significaria um custo desnecessário e constrangedor à economia", afirmou Palocci, explicando que a inflação já vem dando sinais de queda no atacado e no varejo.
O ministro da Fazenda afirmou também que, apesar das perspectivas de aumento dos preços, o governo está trabalhando para reduzir a taxa básica de juros da economia a médio e longo prazos. Segundo ele, a decisão de reduzir - ou não - a Selic será técnica e caberá apenas ao Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). "O que nós buscamos é a queda dos juros. Se em janeiro é o momento de fazer isso, nós confiamos na decisão do Copom", disse Palocci.
Na entrevista coletiva concedida hoje à imprensa, o ministro aproveitou para reforçar também que, mesmo que a tendência de inflação perdure, o governo não vai adotar políticas de intervenção nos preços, exceto no caso de produtos utilizados em larga escala pelas populações de baixa renda, como remédios e gás de cozinha. Segundo ele, mesmo que haja um impacto do aumento do preço do barril de petróleo no mercado interno o governo não vai intervir. "Não vamos ser intervencionistas. Queremos que o mercado estruture os preços", disse.
Palocci garantiu que não irá renegociar as dívidas dos estados e que os nomes da presidência e da diretoria do Banco do Brasil serão anunciados nos próximos dias.