Jovens e pobres dos centros urbanos são os principais alvos da violência

08/12/2002 - 8h15

Brasília, 8/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - Os centros urbanos, as classes mais desprovidas de poder e recursos, e os jovens são os grandes alvos da violência. No Rio de Janeiro e em São Paulo ocorre pelo menos um homicídio por hora, a cada dia. Já no campo, as mortes em conflitos agrários não chegam a 100 durante o ano inteiro. Entre os jovens de bairros da periferia de São Paulo a taxa sobe para 190 homicídios por 100 mil habitantes ao ano.

As informações foram confirmadas pelo Secretário Nacional de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, que falou em entrevista ao programa Revista Brasil, nesta semana. "Todo mundo sabe o que fazer, mas o problema é que os estados da federação têm grandes dificuldades de ter uma visão integrada do problema", disse.

Segundo o secretário, os estados encontram dificuldade de se juntar ao governo federal para combater, por exemplo, o contrabando de armas, o narcotráfico e a lavagem de dinheiro que estão relacionados aos altos níveis de violência.

"O governo Federal trabalhou muito bem há dois anos, criando o Plano Nacional de Segurança Pública - que foi o primeiro plano abrangente criado", disse. Segundo ele, o governo despejou bilhões de reais para os estados no que diz respeito à formação, equipamento, capacitação, informática. "O que eu acho que faltou um pouco foi a condicionalidade", disse.

Ele defende que haja condições muito precisas, segundo as quais os estados possam receber mais dinheiro. Para o secretário, o objetivo seria avaliar os sucessos ou fracassos das ações e, então, corrigi-las.

Outro ponto levantado por Paulo Sérgio Pinheiro é a integração das polícias. "As polícias às vezes brigam, às vezes trocam até balas entre si", diz, e "não é possível se fazer combate ao crime com polícias totalmente desarticuladas, como é o caso do Brasil".

Para resolver a situação, ele recomenda como primeiro passo "proibir o porte de armas para os cidadãos. Cidadão com arma é candidato a presunto". Em segundo lugar, combater a questão do contrabando nas fronteiras com oceano e terra. Além de combater os problemas fluviais.

Em terceiro lugar, cuidar da lavagem de dinheiro o que, segundo o secretário, já começa a ser feito. A lavagem de dinheiro precisa ser combatida "porque esse dinheiro do narcotráfico e contrabando não é guardado debaixo do colchão. Ele é colocado dentro do sistema financeiro", completou.

A seguir, assinalou, viria um combate integrado e inteligente ao narcotráfico, "não descendo o cassetete na marra, na violência. Tem que ter infiltração, inteligência, luta contra a corrupção". E em último lugar, o secretário destacou um problema preventivo. "É muito difícil você impedir que os jovens sejam atraídos pela carreira do crime se não há uma política focalizada de emprego, lazer, para os jovens", completou. Se todas essas condições não forem atendidas, a situação vai continuar como está, advertiu.