Rio, 5/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O resgate e a preservação da história da formação do Brasil poderá ser conferida, no Rio de Janeiro, na mostra "O Tesouro dos Mapas", que oferece ao público a trajetória da arte cartográfica no mundo e do desenho no Brasil e suas regiões. São 220 trabalhos, muitos deles raros, dos mais conceituados cartógrafos europeus, desde o final do século XV até o século XIX, que poderão ser vistos no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), a partir de amanhã (6), até o dia 2 de março, das 10h às 18h, com ingressos a R$ 4,00.
A exposição tem curadoria do professor Paulo Miceli, da Unicamp, um dos mais respeitados especialistas em história da cartografia. O projeto de montagem recebeu tratamento cenográfico do artista mineiro Paulo Pederneiras, que dividiu a mostra em quatro módulos, de forma didática, seguindo a evolução da formação do país. Ao percorrer os quatro módulos, o visitante poderá conferir os passos mais importantes que levaram à figuração cartográfica do mundo e acompanhar a formação do país, a partir dos mapas em que foi desenhado, desde os primeiros anos do século XVI.
" O Desenho do Mundo" é o nome do primeiro módulo que exibirá um conjunto de mapas de grande valor histórico-cultural, a começar pelo valioso Atlas de J. Fr. Roussian, manuscrito veneziano de 1673, e cinco raríssimas cartas-portulanos, desenhadas sobre pergaminho animal, datadas dos séculos XVI e XVII. Três dessas cartas-portulanos saíram das oficinas da família Oliva, uma das mais importantes representantes da cartografia maiorquina e responsável, por mais de um século, pelos principais mapas produzidos no Mediterrâneo ocidental. O módulo reúne ainda mapas de Hartman Schedel(1493),Martin Waldseemüller, Lorez Fries, Sebastien Münster,André Thevet, Abraham Ortelius - todos do século XVI, além de cartas seiscentistas de Blaeu, Mercator e Hondius.
No segundo módulo - " Mapa: Arte e Técnica" são associados os elementos estéticos da ciência cartográfica aos conhecimentos matemáticos em que se baseou o desenvolvimento da cartografia do Renascimento. Este segmento contém mapas de Fernando de Solis, Mercator-Hondius, Robert Dudley, van Langren, Augustino Torniello, Blaeu, Jan Jansson, Eberhard Happel, Nicholas Visscher, Guillaume Sanson, Alexis-Hubert Jaillot, Daniel Stoopendael, Christoph Weigel, Gerardum Valck, Pieter van Aa, Jean Dominique Cassini, Jhon Senex, Jhon Crane, Victor Levasseur e Heinrich Mahlmann, combinando um período que vai do final do século XVI à segunda metade do século XIX.
"A Cartografia Européia e o Desenho do Mundo" é o terceiro módulo que engloba os trabalhos dos principais profissionais dedicados ao desenho da Terra, em sua totalidade, e ao Novo Mundo, especialmente a partir da segunda metade do século XVI. Merecem registro os mapas holandeses e flamengos, a começar por Mercator e Ortelius, este último responsável pela edição do primeiro atlas moderno: o Theatrum Orbis Terrarum, de 1570, de onde saíram os mapas desse cartógrafo agora expostos. As viagens da expansão e da conquista estão nos trabslhos de Abraham Ortelius,Sebastien Münster, Rumold Mercator, Gemma Frisius(1529), Girolamo Ruscelli(1561), Paolo Forlani(1562), Antonio Magini(1596), Girolamo Benzoni(1596).Mattias Quad (1598) e Heinrich Büntig(1581), além das obras seiscentitas de Guiljelmo Blaeu, Melchior Tavernier, Petrus Plancius, Robert Walton, Antonio de Herrera y Tordesilhas, george Seutter e Thomas Jefferys.
"Última Terra - O Desenho do Brasil" encerra a exposição com um valioso conjunto de cartas que mostram marcos significativos da história do desenho do Brasil, na concepção de cartógrafos europeus dos séculos XVI a XIX. Os desenhos das regiões Nordeste, Amazônica e do Sul ocupam lugar especial no módulo, devido à especificidade de seu registro cartográfico, desde o século XVI até o século XVIII, e em decorrência do grande volume de material ao acervo do Instituto Cultural Banco Santos, responsável pelo projeto que resultou na exposição. Essas imagens, na maioria das vezes, insistem na exuberância e no exotismo natural, incluindo os habitantes,revelando valores que a paisagem cartográfica registrava, divulgava e consolidava pelo papel central que ocupava no processo de construção das representações do Brasil, iniciado nos primeiros tempos da expansão européia.
Há, ainda, o retorno do século XVI, partindo-se das composições mais simples do ponto de vista geográfico até ao detalhamento mais acurado das regiões brasileiras, com destaque para as belas composições cartográficas e figurativas resultantes da presença holandesa no Nordeste. Foram agrupadas, também, cartas de Giovani Battista Ramusio(1557), Girolamo Ruscelli(1573), Levinus Hulsius(1599), Cornelis de Jode, Cornelis Wytfliet(1597), Sebastiam de Ruesta(1662), Pieter Goss(1966), jhon Seller(1675), Arnold Colom(1656), Robert Morden(1686) e Jean Baptiste Bourguignon D`Anville(1746.