Brasília, 5/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O consumo de energia elétrica faturado pelas concessionárias aumentou, em outubro, 16,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. A evolução ao longo deste ano está como taxa negativa acumulada de apenas 0,3%, confirmando que o consumo apresentará crescimento até o final do ano.
O resultado, apurado na pesquisa mensal feita pelo Departamento de Estudos Energéticos e de Mercado da Eletrobrás, ratifica o diagnóstico de que a indústria, especialmente a agropecuária e a voltada para exportações, tem sido o segmento responsável pela recuperação do nível de consumo. No período de 12 meses, de novembro de 2001 a outubro de 2002, em comparação ao período de novembro de 2000 a outubro de 2001, o consumo ainda apresenta taxa negativa de 3,3%.
O consumo da indústria apresenta a menor taxa negativa, de 0,4%. A Eletrobrás continua projetando que o país encerrará o ano com aumento de 3 a 4% no consumo, em relação ao ano passado. Isso eqüivale a um patamar de consumo entre 292,5 e 294,0 TWh, pouco acima do registrado em 1999. O "recuo" de três anos no nível do consumo sem correspondente retração do PIB significa aumento na eficiência global do uso da energia elétrica no país.
Com o aumento do calor, o setor comercial, que vinha liderando as estatísticas do crescimento do consumo desde junho, cedeu a posição ao segmento residencial. Com exceção dos sistemas isolados e da Região Sul, que estiveram fora do racionamento no ano passado, o segmento apresentou taxas de crescimento mais altas do que as que vinham sendo observadas nos últimos meses, em razão do calor registrado no mês.
O consumo médio por consumidor residencial ainda se encontra abaixo do que se verificava antes do racionamento. Em maio de 2001, cada consumidor residencial gastava, em média, 176 kWh por mês; em outubro de 2002, a conta média está por volta de 135 kWh - queda superior a 23%. O consumo residencial não tem sido menor em razão da incorporação de mais de 1.700 mil novos consumidores no últimos 12 meses – média mensal superior a 142 mil, significando um aumento de 4,1% no número de contas. O consumo residencial será o único segmento que fechará o ano com evolução negativa, entre 1,5 e 2%.
O consumo de energia elétrica na indústria cresceu 14,1% em outubro, em relação ao mesmo mês de 2001, elevando a taxa acumulada no ano para 2,4%. A indústria é o segmento com a maior taxa de crescimento no ano e a menor taxa negativa num período de 12 meses.
O efeito do câmbio na produção industrial para exportação é percebido nas altas taxas de crescimento mesmo nas regiões que estiveram fora do racionamento, especialmente o Sul.
O aumento do câmbio e as taxas de juros têm inibido o mercado doméstico, com reflexos na expansão do consumo de energia elétrica do segmento voltado ao mercado nacional. A região Sudeste continua sendo a mais afetada. É o caso particular da indústria automobilística, à qual se atribui o crescimento modesto do consumo de energia pelo setor metalúrgico, em São Paulo.
A saída de grandes consumidores industriais do cadastro de faturamento das concessionárias, pela opção pela autoprodução, provocou impactos no resultado de outubro.
No caso dos setores metalúrgico e siderúrgico da região Sudeste, esse movimento significou, só em outubro, a exclusão de 220 GWh das estatísticas de faturamento. Fazendo-se essa correção, o consumo da indústria no Sudeste se eleva para 6.209 GWh no mês, com a taxa de crescimento saltando de 11,4 para 15,5%. O consumo de energia na indústria, mantido o patamar verificado no segundo semestre deste ano, deverá fechar 2002 com crescimento superior a 4%.