Brasília, 5/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - Brasil e China discutiram nesta quinta-feira os possíveis acordos científicos e tecnológicos na Antártica. O encontro ocorreu no Ministério da Ciência e Tecnologia e contou com a participação de representantes brasileiros dos ministérios da Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Relações Exteriores entre outros. A missão chinesa foi chefiada pelo diretor da Administração Estatal do Mar da China, Wang Shuhuang.
Segundo o secretário de Políticas e Programas em Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Gylvam Meira Filho, o interesse ficou claro porque "a China fica muito longe da Antártica e os países se apóiam". Segundo ele, uma das razões para se procurar a cooperação é que fazer pesquisas na Antártica "é caro e difícil". Os chineses demonstraram também interesse na área de criação de peixes no Brasil.
Brasil e China têm um acordo de cooperação em ciência e tecnologia e algumas áreas já estão com projetos em andamento, informou o secretário. Seria esse o caso da construção do satélite de observação da Terra, que faz imagens da superfície do planeta. Semana passada foi assinado um protocolo com a China para estender o programa e fazer o terceiro e quarto satélites conjuntamente – com 50% de participação de cada país.
Já para o diretor chinês Wang Shuhuang, o principal objetivo dessa visita ao Brasil é "intercambiar informações nas áreas de pesquisa do mar". A China tem duas bases na Antártica e entre as funções da Administração Estatal do Mar chinesa estão o aproveitamento e gerenciamento dos recursos do mar, a proteção ao meio ambiente do mar e a organização e planejamento das atividades científicas e tecnológicas nessa área.
Durante a reunião, os representantes do Brasil lembraram que o país mantém o Programa Antártico Brasileiro, que neste ano completa 20 anos. E que há a Estação Antártica Comandante Ferraz no Continente Gelado. Os projetos brasileiros de pesquisa, mantidos atualmente na Antártica, referem-se ao aspecto ambiental e são divididos em duas linhas de ação: impacto global e impacto local (na Antártica). Quanto ao impacto global são verificadas as causas das mudanças ambientais nos últimos 20 anos. São estudados o gelo, o oceano e a atmosfera e a interação entre eles. Já na pesquisa local é estudado o impacto da presença humana numa bahia na Ilha Rei George. Essas duas linhas de pesquisas podem ser conduzidas por cerca de 10 anos.