Primeiro encontro Terena de prevenção à Aids começa na Aldeia do Bananal

01/12/2002 - 15h40

Taunay, 1/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O primeiro encontro Terena de Prevenção à Aids começou há pouco na Aldeia do Bananal, em Taunay, distrito de Aquidauana, a 140 km de Campo Grande. Participam do encontro Caciques de dez aldeias da região de Aquidauana, Limão Verde, Lagoinha, Bananal, Morrinho, Jaraguá, Colônia Nova, Imbirussu, Ipeg, Água Branca; Aldeinha do Município de Anastácio. Nestas aldeias a população dos índios Terena chega a mais de cinco mil indivíduos.

O trabalho de prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids) começou a ser desenvolvido com os índios Terena em 1999, pela Fundação Nacional de Saúde e a Ong Inter Ativa, com apoio do Ministério da Saúde e Unesco. A população indígena terena total, no Mato Grosso do Sul, é de 17 mil índios espalhados em diversas regiões do estado, que possui um total de 45 mil índios de cinco etnias - a segunda maior população indígena do país.

Desde 1999 foram registrados 39 casos de Aids entre as populações terena, sendo 16 em crianças. Estes casos foram detectados no Hospital da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. De acordo com o cacique Maurício Cândido, da aldeia Bananal, é preciso ampliar o número de lideranças da própria comunidade para impedir que a doença chegue aos índios

O cacique destacou que os agentes de saúde, que já estão trabalhando, estão levando a mensagem para evitar que "esta terrível doença atinja a nossa população nos próximos dez anos. Muitas vezes os nossos índios voluntários foram até taxados de estimuladores do sexo", queixou-se o cacique Maurício. "Mas religiões e os centros comunitários das nossas aldeias já estão entendendo que estamos levando a mensagem para evitar a doença e que é preciso o uso da camisinha".

O encontro foi aberto com o pronunciamento de todos os caciques das aldeias que participam do evento. De acordo com Hilário Jorge, líder indígena e presidente do Conselho Indigenista de Prevenção à Saúde, formado por 24 caciques de todo o Mato Grosso do Sul, "é preciso deixar a comodidade, deixar as árvores frondosas, as redes e sair lá da Bodoquena, do campo dos índios, da reserva dos índios Kadwéu, para encontrar vocês e passar a mensagem muito rápida para atender a nossa comunidade".

O líder fez um chamamento às nações indígenas afirmando: "Vamos chegar e tomar o tererê (água gelada com erva mate) para matar a nossa sede e levar a mensagem aos nossos povos".

As festividades continuam na tarde deste domingo, na aldeia Bananal, com apresentação de danças típicas, como a Siputrena, das mulheres, e a Kipaé, dança dos homens terena (significa uma ave), além de outras atrações que reúnem centenas de índios.
IDM