Câncer se desenvolve mais rápido em crianças

01/12/2002 - 14h03

Brasília, 1/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - "Se o próprio nome da doença já assusta um adulto, quando ela é detectada em uma criança as reações são ainda piores". A médica e coordenadora do Setor de Oncologia e Hematologia Pediátrica do Hospital de Base, Isis Magalhães, tem um motivo para fazer essa afirmação: o câncer se desenvolve mais rapidamente em crianças do que em adultos e as sessões de quimioterapia são mais intensas. "É difícil achar crianças em que o câncer não esteja disseminado", completa a médica.

O medo em relação ao câncer infantil, segundo Isis, se justifica também pelo fato de não haver trabalho preventivo contra a doença em crianças. A prevenção pode ser feita em adultos, já que algumas causas, como o fumo, relacionado ao câncer de pulmão, e a exposição ao sol, ligada ao câncer de pele, podem ser evitadas voluntariamente. Entretanto, as crianças estão mais suscetíveis a formas da doença que atingem o sistema nervoso, as células sangüíneas e a medula óssea. "Apesar de o câncer ser causado sempre por uma soma de fatores, nesses casos, a genética fala mais alto", lembra Isis.

Mas, se o câncer se espalha mais rápido em uma criança, ele também é mais fácil de ser curado quanto mais novo for o paciente. Isso ocorre porque, com células mais jovens, a criança tem maiores chances de lutar contra a doença. É por essa razão que o câncer infantil também apresenta alto índice de cura. Segundo Isis Magalhães, desde que detectadas em fase inicial, as chances de que as células doentes sejam completamente eliminadas atingem cerca de 65% dos casos.

O tratamento do câncer infantil, além das sessões de quimioterapia e radioterapia, também deve contar com um apoio psicológico, que se inicia no momento de contar à criança que ela está doente. Isso deve ser feito por um médico, e não por familiares, recorrendo até mesmo a elementos do universo infantil. "Nessa hora, a sinceridade conta muito. Por isso, não se pode dizer que uma aplicação com agulhas, por exemplo, não vai doer", enfatiza a médica.Uma boa notícia, entretanto, pode trazer um pouco de alívio a quem convive com a doença. Segundo o Ministério da Saúde, há 20 anos, não se conseguia salvar mais que 10% das crianças com câncer. Hoje, o índice de crianças salvas já é de 70%.