navios negreiros https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/178549/all pt-br Negros escravizados no período colonial resistiram como puderam, diz especialista https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-11-18/negros-escravizados-no-periodo-colonial-resistiram-como-puderam-diz-especialista <p><img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//ckfinder/userfiles/images/Banners%20e%20selos/Consciencia-negra-banner.jpg" style="width: 730px; height: 150px;" /></p> <p> Tha&iacute;s Antonio<br /> <em>Enviada especial da EBC</em></p> <p> Cachoeira (BA) - Desde que os colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, h&aacute; mais de 500 anos, eles exploraram, inicialmente, a m&atilde;o de obra ind&iacute;gena. Mas o contato com os homens brancos foi p&eacute;ssimo para a sa&uacute;de dos ind&iacute;os. Al&eacute;m disso, os nativos conheciam muito bem o territ&oacute;rio e fugiam com facilidade.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/3/gallery_assist639716/prev/ABr081113VAC_9611.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 5px; float: right;" />Por raz&otilde;es econ&ocirc;micas e tamb&eacute;m em busca de m&atilde;o de obra qualificada, os portugueses come&ccedil;aram a trazer africanos escravizados para o Brasil. Os negros eram obrigados a vir para um pa&iacute;s estranho, numa travessia de barco que levava meses, em condi&ccedil;&otilde;es prec&aacute;rias, para trabalhar for&ccedil;ado.</p> <p> Mas as regras duras da chibata n&atilde;o foram aceitas sem luta. Os negros escravizados resistiram da forma que puderam. &ldquo;Falar das lutas negras &eacute; falar disso, dos enfrentamentos, dos embates do outro lado do Atl&acirc;ntico, na travessia, do lado de c&aacute; do Atl&acirc;ntico. Eu costumo pensar na resist&ecirc;ncia de uma forma muito ampla&rdquo;, destaca o professor Nelson Inoc&ecirc;ncio, do N&uacute;cleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Bras&iacute;lia.</p> <p> Para ele, o termo que define a retirada dos negros do Continente Africano &eacute; sequestro. &ldquo;Esse sequestro realmente foi algo absurdo, inomin&aacute;vel. O Brasil foi o pa&iacute;s que mais importou popula&ccedil;&atilde;o africana. Dentro daquele universo de extrema viol&ecirc;ncia existiam articula&ccedil;&otilde;es coletivas para, de alguma forma, tentar minar o sistema&rdquo;, ressaltou</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/24/gallery_assist734795/prev/Quilombolas_Conciencia%20Negra_305.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 5px; float: left;" />A resist&ecirc;ncia sempre foi a palavra de ordem de quem era for&ccedil;ado ao trabalho escravo. Mas n&atilde;o foi f&aacute;cil. Os negros foram ca&ccedil;ados e perseguidos. Por isso, procuravam n&atilde;o ficar sozinhos. Em comunidade, era mais f&aacute;cil sobreviver.</p> <p> Os locais de ref&uacute;gio come&ccedil;aram a se formar logo ap&oacute;s a chegada dos primeiros navios negreiros ao Brasil. Nasciam, assim, os chamados quilombos. O mais famoso deles, o Quilombo dos Palmares, em Alagoas, data do fim do s&eacute;culo 16. Isso quer dizer que pouco depois do in&iacute;cio da escravid&atilde;o, os primeiros negros j&aacute; come&ccedil;aram a fugir.</p> <p> A heran&ccedil;a de quem fugiu da escravid&atilde;o ainda &eacute; viva entre os quilombolas. Sirilo Rosa, presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Quilombo Kalunga, comunidade no interior de Goi&aacute;s, conta um pouco da hist&oacute;ria que j&aacute; escutou. &ldquo;Eu ouvia nossos antepassados falarem que tinha um lugar chamado quilombo mas que eles n&atilde;o sabiam onde era. [Diziam] que esse lugar chamado de quilombo era onde o pessoal que foi escravo fugia e ia pra l&aacute;&rdquo;, lembra. &ldquo;Era um lugar isolado e que n&atilde;o tinha nem estrada pra chegar. Eles sa&iacute;am das casinhas deles, mas n&atilde;o deixavam trilha. Sa&iacute;am de um lado e chegavam por outro&quot;.</p> <p> A jovem quilombola Edmeia Batista Costa, da Comunidade Kaonge, em Cachoeira, na Bahia, tamb&eacute;m conhece a hist&oacute;ria de quem veio antes. &ldquo;A gente sabe que os antepassados lutaram muito. Muitos apanharam no chicote. Agora a gente n&atilde;o tem mais isso. Gra&ccedil;as a Deus, a escravid&atilde;o j&aacute; acabou e eles passaram para gente o trabalho e a luta deles para a gente continuar&rdquo;, conta.</p> <p> O Brasil tem mais de 2,4 mil comunidades quilombolas certificadas pela Funda&ccedil;&atilde;o Cultural Palmares. Elas est&atilde;o espalhadas em 24 estados e se organizam de forma diferente. A maioria vive da agricultura de subsist&ecirc;ncia. Ou seja, eles produzem na ro&ccedil;a praticamente tudo o que precisam. &Eacute; o caso de dona Leot&eacute;ria, lavradora kalunga. Ela planta mandioca, arroz, milho, cana, feij&atilde;o de corda, al&eacute;m de frutas, hortali&ccedil;as e ervas medicinais.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/24/gallery_assist734795/prev/Quilombolas_Conciencia%20Negra_307.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 5px; float: right;" />Dona Leot&eacute;ria diz que nem sempre &eacute; f&aacute;cil, mas que j&aacute; viveu dias mais dif&iacute;ceis no passado. &ldquo;J&aacute; foi sofrida a nossa vida. Uma parte foi boa e outra sofrida mas, gra&ccedil;as a Deus, n&oacute;s sobrevivemos. N&atilde;o tinha rodagem [estrada] por aqui, n&atilde;o tinha m&eacute;dico. A pessoa adoecia, levava para Cavalcante [um dos munic&iacute;pios que comp&otilde;em o territ&oacute;rio kalunga, distante 30 quil&ocirc;metros da comunidade] na rede&rdquo;, recorda.</p> <p>&ldquo;Hoje est&aacute; melhor porque j&aacute; tem m&eacute;dico, j&aacute; tem muitas coisas. Hoje j&aacute; tem at&eacute; o posto [de sa&uacute;de] aqui, tamb&eacute;m. Uma hora tem m&eacute;dico, outra hora n&atilde;o tem. Mas a hora que tem j&aacute; serve&rdquo;, resigna-se.</p> <p> De acordo com a Funda&ccedil;&atilde;o Cultural Palmares, apenas os estados do Acre e de Roraima e o Distrito Federal n&atilde;o contam com esses remanescentes. Mais de 200 processos de certifica&ccedil;&atilde;o ainda est&atilde;o sendo analisados e mais de 500 comunidades foram identificadas pela funda&ccedil;&atilde;o como quilombolas, mas n&atilde;o solicitaram a Certid&atilde;o de Autodefini&ccedil;&atilde;o, j&aacute; que o primeiro passo para ser quilombola, &eacute; se reconhecer como tal.</p> <p> &Eacute; o famoso sentimento de identidade, como explica Juvani Jovelino, l&iacute;der espiritual da Comunidade&nbsp; Kaonge, na Bahia. &ldquo;Ser quilombola &eacute; voc&ecirc; saber [a origem] os 50% do seu sangue. N&atilde;o &eacute; s&oacute; negro que &eacute; quilombola, porque existe branco tamb&eacute;m que &eacute; quilombola porque tem 50% do sangue que ele n&atilde;o procurou saber de onde vem.&rdquo;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Marcos Chagas</em></p> <p> <em style="font-family: Verdana, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19.5px; background-color: rgb(255, 255, 255);">Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias, &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave;&nbsp;<strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em><br /> &nbsp;</p> <p> &nbsp;</p> áfrica Agência Brasil Bahia Cachoeira Cidadania consciência negra escravidão especialista fugas Kalungas navios negreiros Palmares quilombos refúgio sequestro unb Mon, 18 Nov 2013 15:57:22 +0000 mchagas 734796 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/