Histórias de Arcanjo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/175779/all pt-br Festival do Rio apresenta documentário sobre o jornalista Tim Lopes https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-10-05/festival-do-rio-apresenta-documentario-sobre-jornalista-tim-lopes <p>Cristina Indio do Brasil<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro &ndash; Oito longas de diversos temas est&atilde;o participando da mostra competitiva de document&aacute;rios na Premi&egrave;re Brasil do Festival do Rio. Para os organizadores as produ&ccedil;&otilde;es mostram o desenvolvimento dos document&aacute;rios no Brasil. Participam da competi&ccedil;&atilde;o os document&aacute;rios, <em>Hist&oacute;rias de Arcanjo</em>, um document&aacute;rio sobre Tim Lopes, de Guilherme Azevedo e Bruno Quintella; <em>A Farra do Circo</em>, de Roberto Berliner e Pedro Bronz; <em>A Gente</em>, de Aly Muritiba; <em>Cativas, Presas pelo Cora&ccedil;&atilde;o</em>, de Joana Nin; <em>Cidade de Deus - Dez Anos Depois</em>, de Cavi Borges e Luciano Vidigal; <em>Conversa com JH</em>, de Ernesto Rodrigues; <em>Damas do Samba</em>, de Susanna Lira; <em>Fla x Flu</em>, de Renato Terra.</p> <p>As Hist&oacute;rias de Arcanjo, um document&aacute;rio sobre Tim Lopes conta a trajet&oacute;ria do jornalista Antonino Lopes do Nascimento, que nasceu no Rio Grande do Sul, e ainda crian&ccedil;a veio morar no Rio de Janeiro.</p> <p>Arcanjo recebeu o nome de Tim Lopes,logo no in&iacute;cio da carreira, por causa da semelhan&ccedil;a com o cantor e compositor Tim Maia, e &eacute; considerado um dos maiores rep&oacute;rteres investigativos do Brasil. E foi enquanto fazia uma reportagem sobre tr&aacute;fico de drogas e abuso de menores em bailes <em>funks</em> da Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio, que foi morto por traficantes no dia 2 de junho de 2002. Segundo as investiga&ccedil;&otilde;es da pol&iacute;cia, ele foi torturado e teve o corpo queimado em um forno montado com pneus no alto da comunidade pelos traficantes do Complexo do Alem&atilde;o.</p> <p>O roteiro do document&aacute;rio &eacute; de Bruno Quintella, filho de Tim, com dire&ccedil;&atilde;o e fotografia de Guilherme Azevedo, cinegrafista que trabalhou com o jornalista em diversas reportagens de den&uacute;ncias.</p> <p>O que mais motivou Bruno a fazer o filme foi contar a vida do pai, mas a saudade da conviv&ecirc;ncia com ele foi o ponto de partida. &ldquo;Sab&iacute;amos que ele tinha sido um grande rep&oacute;rter do jornal impresso, no <em>Jornal do Brasil</em>,&nbsp; <em>O Globo </em>e <em>Placar</em>. E mais que um rep&oacute;rter de pol&iacute;cia, ele era um rep&oacute;rter social. Contar a hist&oacute;ria de vida dele, pessoal e profissional, mas sob olhar do filho. A saudade como ponto de partida&rdquo;, disse &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil.</strong></p> <p>Bruno, tamb&eacute;m jornalista, revelou que para contar a hist&oacute;ria do pai, teve ajuda da m&atilde;e Sandra Quintella e da segunda mulher de Tim, Alessandra Wagner. Elas tinham extenso material sobre mat&eacute;rias, fotografias e arquivos. Al&eacute;m disso, houve pesquisas nas reda&ccedil;&otilde;es dos jornais e na Biblioteca Nacional. &ldquo;A Maria Byington, nossa pesquisadora, foi fundamental nessa busca. Na &eacute;poca do <em>O Rep&oacute;rter</em>, jornal onde meu pai iniciou a carreira, o acervo do Cust&oacute;dio Coimbra e Chiquito Chaves, com exemplares da &eacute;poca, nos permitiu alcan&ccedil;ar o Tim do impresso, um Tim com liberdade de criar seu estilo, que foi vital para sua carreira. Sua maneira &uacute;nica de fazer jornalismo: vivenciar a rua e narrar em primeira pessoa&rdquo;, destacou Bruno.</p> <p>O roteirista, que tinha 19 anos, quando o pai foi morto, disse que durante a realiza&ccedil;&atilde;o do document&aacute;rio precisou se isolar, depois de algumas filmagens. Um desses momentos foi quando chegou a um campo de futebol no alto da comunidade, onde Tim foi torturado e morto. &ldquo;No campo de futebol vivi meu momento de catarse. Estava muito nervoso, confuso, e, ao mesmo tempo, aliviado. Ali pude enfrentar meu trauma, a perda de meu pai da maneira que foi. Geralmente, depois das filmagens, eu mergulhava num sil&ecirc;ncio, num ex&iacute;lio interno. Me sentia exausto, n&atilde;o queria papo com ningu&eacute;m. Mas era como libertar um prisioneiro de mim mesmo, e eu precisava de tempo para me dar conta do processo de enfrentamento do luto. Transformar esse luto numa homenagem &eacute; se dar conta que n&atilde;o s&oacute; seu pai morreu, mas superar essa perda&rdquo;, explicou.</p> <p>Bruno contou que se deu conta de que fazer um filme sobre o pai era fazer tamb&eacute;m um filme sobre ele mesmo. &ldquo;Isso s&oacute; seria poss&iacute;vel se, durante o processo, eu alcan&ccedil;asse um amadurecimento, mesmo que na marra. Contar a hist&oacute;ria do pai &eacute; uma grande responsabilidade, porque voc&ecirc; precisa ir muito fundo nos detalhes, e isso assusta e encanta ao mesmo tempo&rdquo;, completou revelando tamb&eacute;m que o document&aacute;rio superou a sua expectativa.</p> <p>Para ele, est&aacute; sendo uma honra e grande responsabilidade apresentar a hist&oacute;ria em festivais de cinema como o do Rio, o de Paris e o de Biarritz, na Fran&ccedil;a, onde ele est&aacute; agora. &ldquo;O filme foi muito bem recebido aqui, debates, discuss&otilde;es. Eles s&atilde;o muito interessados n&atilde;o s&oacute; no Brasil, mas na Am&eacute;rica Latina. E a hist&oacute;ria do meu pai &eacute; sempre lembrada e respeitada por aqui, n&atilde;o pela morte, mas agora, tamb&eacute;m, pela vida&rdquo;, concluiu.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o:&nbsp; Val&eacute;ria Aguiar</em></p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; </em><strong>Ag&ecirc;ncia Brasil </strong><br /> &nbsp;</p> Aly Muritiba Bruno Quintella Cavi Borges complexo do alemão Cultura Ernesto Rodrigues Festival do Rio Guilherme Azevedo Histórias de Arcanjo Joana Nin Luciano Vidigal Pedro Bronz Renato Terra rio de janeiro rio grande do sul Roberto Berliner Susanna Lira Tim Lopes Vila Cruzeiro Sat, 05 Oct 2013 15:04:32 +0000 valeria.aguiar 732213 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/