política desenvolvimentista https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/175593/all pt-br Aos 60 anos, Petrobras é exemplo de política desenvolvimentista da década de 50 https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-10-03/aos-60-anos-petrobras-e-exemplo-de-politica-desenvolvimentista-da-decada-de-50 <p><img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/ABr5080804.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: right;" />Alana Gandra<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil </em></p> <p> Rio de Janeiro - A Petrobras completa hoje (3) 60 anos acumulando conquistas e desafios. L&iacute;der mundial em tecnologia para explora&ccedil;&atilde;o de petr&oacute;leo em &aacute;guas profundas, a empresa tem agora o desafio de estabelecer parcerias para a retirada de &oacute;leo em &aacute;guas ultraprofundas na camada pr&eacute;-sal.</p> <p> Mat&eacute;ria-prima b&aacute;sica para v&aacute;rios segmentos da ind&uacute;stria, o petr&oacute;leo foi a ferramenta usada pelo ex-presidente da Rep&uacute;blica Get&uacute;lio Vargas para industrializar o Brasil na d&eacute;cada de 50. &ldquo;Ele j&aacute; tinha feito o primeiro ensaio no primeiro governo (1930 -1945) e, ap&oacute;s a 2&ordf; Guerra Mundial, a ind&uacute;stria se tornou motiva&ccedil;&atilde;o de qualquer governo, principalmente dos pa&iacute;ses n&atilde;o desenvolvidos. E desenvolvimento &eacute; sin&ocirc;nimo de industrializa&ccedil;&atilde;o&rdquo;, analisou, em entrevista &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>, o historiador Bernardo Kocher, da Universidade Federal Fluminense (UFF).</p> <p> Vargas era, segundo Kocher, um desenvolvimentista. J&aacute; havia implantado no pa&iacute;s a ind&uacute;stria sider&uacute;rgica &ndash; Companhia Sider&uacute;rgica Nacional (CSN) - e entendeu que o petr&oacute;leo &nbsp;enquadrava-se nesse processo. &ldquo;A forma como ele entendia isso, que se disseminou na &eacute;poca, era por meio da participa&ccedil;&atilde;o estatal&rdquo;, lembrou. A Petrobras &eacute; produto dessa pol&iacute;tica de Estado em favor da industrializa&ccedil;&atilde;o, que alcan&ccedil;ou todo o mundo, disse o historiador da UFF. &ldquo;O petr&oacute;leo tem os dois veios: os pa&iacute;ses desenvolvidos, com empresas privadas; e os n&atilde;o desenvolvidos, com empresas estatais&rdquo;.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/ABr3080804.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: left;" />No caso do Brasil, Get&uacute;lio Vargas n&atilde;o se limitou a ter uma empresa que se encarregasse de processar e comercializar o petr&oacute;leo. &ldquo;Ele queria prospectar, queria pesquisar. Porque havia um forte &oacute;bice &agrave; ideia de que o Brasil produzisse petr&oacute;leo em seu subsolo e no mar. Os ge&oacute;logos internacionais n&atilde;o corroboravam essa posi&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Mas Vargas n&atilde;o se deu por satisfeito e transformou a Petrobras tamb&eacute;m em uma empresa de pesquisa e prospec&ccedil;&atilde;o de petr&oacute;leo no territ&oacute;rio nacional.</p> <p> O historiador Am&eacute;rico Freire, do Centro de Pesquisa e Documenta&ccedil;&atilde;o de Hist&oacute;ria Contempor&acirc;nea do Brasil (Cpdoc), da Funda&ccedil;&atilde;o Getulio Vargas (FGV), destacou que a cria&ccedil;&atilde;o da Petrobras ocorreu dentro de uma nova conjuntura pol&iacute;tica no pa&iacute;s e no mundo, em que a tem&aacute;tica nacional ganhava uma express&atilde;o decisiva nos anos 50. &ldquo;Era um momento de luta por emancipa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica na &Aacute;sia, na &Aacute;frica&rdquo;. Entre elas, sobressaiu-se a Revolu&ccedil;&atilde;o Chinesa, em 1949, destacou.</p> <p> &ldquo;Era um momento em que a quest&atilde;o nacional ganha uma express&atilde;o decisiva na esteira da 2&ordf; Guerra Mundial. O ex-ditador Get&uacute;lio Vargas volta e se transforma agora em um l&iacute;der popular, com um discurso para cada p&uacute;blico, mas voltado principalmente para os trabalhadores&rdquo;. O historiador do Cpdoc ressaltou que Vargas costumava dizer: &ldquo;O povo vai subir comigo as escadarias do [Pal&aacute;cio do] Catete&rdquo;, referindo-se &agrave; sede do governo federal, instalada &agrave; &eacute;poca no Rio de Janeiro e hoje transformada no Museu da Rep&uacute;blica.</p> <p> Inicialmente, Vargas adotou uma postura cautelosa, diante das press&otilde;es internas e externas contr&aacute;rias a um projeto monopolista mas, em meio &agrave;s discuss&otilde;es sobre a cria&ccedil;&atilde;o da estatal, a campanha O Petr&oacute;leo &Eacute; Nosso, que envolve diferentes setores da sociedade com os quais ele passa a dialogar, serve de impulso para a sua tomada de decis&atilde;o.</p> <p> No dia 3 de outubro de 1953, o ent&atilde;o presidente assinou a Lei 2.004 que criou a Petrobras, como resultado da campanha. O movimento popular foi iniciado em 1946 e defendia o petr&oacute;leo nacional. &quot;&Eacute;, portanto, com satisfa&ccedil;&atilde;o e orgulho patri&oacute;tico que hoje sancionei o texto de lei aprovada pelo Poder Legislativo, que constitui novo marco da nossa independ&ecirc;ncia econ&ocirc;mica&quot;, disse Vargas, em discurso na san&ccedil;&atilde;o da lei.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/ABr4080804.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: right;" />&Agrave; nova empresa caberia executar as atividades do setor petrol&iacute;fero no Brasil. Estava institu&iacute;do, dessa forma, o monop&oacute;lio estatal de explora&ccedil;&atilde;o de petr&oacute;leo. A Petrobras teve um papel decisivo na hist&oacute;ria do pa&iacute;s. &ldquo;A gente n&atilde;o pode imaginar o Brasil sem uma empresa como essa&rdquo;, sublinhou Freire. Ele enfatizou que Vargas j&aacute; tinha um projeto pol&iacute;tico e estrat&eacute;gico para o pa&iacute;s e precisava implementar um s&iacute;mbolo do projeto.</p> <p> Somente em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso, foram dados os primeiros passos que levaram &agrave; quebra do monop&oacute;lio estatal no setor de petr&oacute;leo. Em maio daquele ano, a Comiss&atilde;o Especial do Petr&oacute;leo da C&acirc;mara Federal aprovou o texto para flexibilizar o monop&oacute;lio. A emenda constitucional s&oacute; foi aprovada, em segundo turno, no dia 20 de junho.</p> <p> Dois anos depois, em agosto de 1997, a Lei 9.478 foi promulgada, ap&oacute;s a garantia dada pelo presidente do Senado, Jos&eacute; Sarney, de que a Petrobras n&atilde;o seria privatizada. Essa lei reafirmava o monop&oacute;lio da Uni&atilde;o sobre os dep&oacute;sitos de petr&oacute;leo, g&aacute;s natural e outros hidrocarbonetos fluidos, mas abria o mercado para outras empresas competirem com a Petrobras, de acordo com informa&ccedil;&otilde;es do Cpdoc.</p> <p> Em 2000, o governo tentou alterar o nome da empresa para Petrobrax. O argumento utilizado foi que o novo nome se adequaria melhor ao crescimento da estatal no mercado internacional. A rea&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica, no entanto, foi forte o suficiente para que Fernando Henrique abandonasse a proposta.</p> <p> Para Am&eacute;rico Freire, mesmo ap&oacute;s a quebra do monop&oacute;lio, a Petrobras manteve a competitividade nos cen&aacute;rios interno e externo. &ldquo;&Eacute; uma das principais empresas do mundo e a principal empresa brasileira. E isso n&oacute;s devemos &agrave;quele momento, &agrave;quela conjuntura e &agrave;quele personagem que foi Get&uacute;lio Vargas&rdquo;.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Marcos Chagas</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil</p> 60 anos Agência Brasil conquistas década de 50 desafios Getúlio Vargas industrialização Nacional o petróleo é nosso petrobras política desenvolvimentista pós-guerra UFF Universidade Federal Fluminense Thu, 03 Oct 2013 09:04:54 +0000 gracaadjuto 732030 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/